domingo, 18 de novembro de 2012

Afinal, quem foi Jesus? - Parte 1: Um mito?

O leitor deve se lembrar ainda (espero) dos argumentos que estudamos na série: “Argumentos para a existência de Deus”, aqui no blog. Entre os argumentos, tivemos o da Ressurreição de Jesus e o do Testemunho do Interno do Espírito Santo (fechando a série). Estes dois argumentos nos empurram para conclusão de que Jesus foi um Ser divino; parte do próprio Deus, que se fez humano e veio a terra sacrificar-se por nós. 


Mas será que isso tudo é verdade? Essa é a visão do cristianismo. Mas existem muitas outras visões diferentes sobre quem teria sido Jesus. Para alguns ateus, Jesus não existiu; foi mero fruto da imaginação humana. Outros sustentam que ele teria sido uma mentira formada pela mistura de vários mitos. Existe a opção de que ele teria sido um lunático. Muitos judeus o vêem como um impostor ou endemoninhado. Pessoas sem uma religião específica crêem que ele foi apenas um grande filósofo ou professor de uma elevada moral. Os islâmicos o sustentam como apenas um dos profetas de Deus, ser humano como qualquer outra. Mas quem está com a razão? Afinal, quem foi Jesus?



Com a finalidade de responder essa pergunta e ratificar os argumentos da ressurreição e do testemunho do Espírito Santo já afirmam, vamos analisar cada uma das diferentes teorias propostas e averiguar, por meio do raciocínio lógico, se alguma delas é mais plausível e provável do que a teoria de que Jesus realmente foi (e é) divino.



A primeira hipótese que iremos analisar nessa primeira postagem é a de que Jesus não teria existido. Essa hipótese se divide em duas versões. Na primeira, a pessoa só afirma que Jesus não existiu. Na segunda, a pessoa, além de afirmar que Jesus não existiu, sustenta que toda a sua história surgiu a partir de uma mistura de mitos, provenientes da mitologia egípcia e da mitologia grega. Nós vamos começar pela primeira.



A) Jesus não existiu, foi uma invenção



Conforme vimos no argumento da ressurreição, existem pelo menos dez critérios principais utilizados pelos historiadores para averiguar se o relato de um fato é digno de confiança (isto é, se o fato ocorreu ou não). Assim, para saber se Jesus existiu ou não, nós precisamos aplicar esses dez cri-térios aos documentos que falam sobre a existência de Jesus. Foi o que fizemos, aplicando esses critérios aos relatos do Novo Testamento, dos pais da Igreja e também de autores não-cristãos.



Vale lembrar que a crítica de que os documentos cristãos não servem para provar a historicidade de Jesus são infundadas, pois tais documentos satisfazem os critérios de confiabilidade, incluindo o critério do benefício (no qual, o autor do documento precisa não ter recebido benefícios com a descrição do fato). Nós vimos isso detalhadamente no argumento da ressurreição.



O resultado da aplicação desses critérios ao fato “existência de Jesus” foi a constatação de que ele é verdadeiro. Eu não cheguei a citar isso, mas a existência de Jesus é mais bem atestada do que a existência de outros personagens históricos relevantes como Alexandre o Grande, Júlio César e Tibério César. Grande parte do que sabemos sobre Alexandre o Grande, por exemplo, está escrito em basicamente duas biografias apenas (de Adriano e de Plutarco), que datam de mais de 400 anos depois da morte de Alexandre. Em contraponto, Jesus é citado por mais de 40 autores diferentes, ao longo dos primeiros 150 anos depois de sua morte, em documentos que satisfazem amplamente os critérios de confiabilidade.



Bem, eu citei no argumento da ressurreição o nome de alguns autores não-cristãos que chega-ram a falar sobre Jesus em seus documentos. A fim de dar uma idéia melhor para o leitor sobre como esses documentos são importantes vou expor algumas dessas citações. O tom de ceticismo, de hosti-lidade e até de ironia é comum nesses documentos, pois os autores não são cristãos e quem não era cristão naquela época era, em geral, contrário ao cristianismo.



A primeira citação é a de um historiador judeu chamado Flávio Josefo. Ele nasceu por volta do ano 37 d.C. Aos 19 anos entrou para o partido farisaico (o partido de líderes judaicos que ajudou a condenar Jesus). Fervoroso judeu, foi convocado para liderar as tropas judaicas da Galiléia na guerra contra os romanos em 66 d.C. Lutou bravamente até perceber que não adiantaria mais resistir. Então, se entregou ao império romano e assegurou uma vida tranqüila tornando-se historiador. Em sua obra Antiguidade dos Judeus, livro 18, capítulo 3, ele afirma:

Nessa época [a época de Pilatos], havia um homem sábio chamado Jesus. Sua conduta era boa e [ele] era conhecido por ser virtuoso. Muitos judeus e de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos condenou-o à crucificação e à morte. Mas aqueles que se tornaram seus discípulos não abandonaram seu discipulado, antes relataram que Jesus havia reaparecido três dias depois de sua crucificação e que estava vivo; por causa disso, ele talvez fosse o Messias, sobre quem os profetas contaram maravilhas.

Em outro trecho da mesma obra, Josefo faz alusão a Tiago, irmão de Jesus. Nesta parte, o his-toriador está relatando o que as autoridades judaicas fizeram aos cristãos, enquanto o sucessor do governador Festo, da judeia, não havia chegado para tomar o poder. Lê-se:
Mas o jovem Anano, que, como já dissemos, assumia a função de sumo-sacerdote, era uma pessoa de grande coragem e excepcional ousadia; era seguidor do partido dos saduceus, os quais, como já demonstramos, eram rígidos no julgamento de todos os judeus. Com esse temperamento, Anano concluiu que o momento lhe oferecia uma boa oportunidade, pois Festo havia morrido, e Albino ainda estava a caminho. Assim, reuniu um conselho de juízes, perante o qual trouxe Tiago, irmão de Jesus chamado Cristo, junto com alguns outros, e, tendo-os acusado de infração à lei, entregou-os para serem apedrejados.
A terceira citação vem de outro historiador, Cornélio Tácito. Este foi um romano, nascido em cerca de 55 d.C. Também chegou a ser governador em 112 d.C. Cornélio Tácito escreveu a história de Roma na era dos imperadores. Dentre eles, falou sobre o imperador Nero, descrevendo o incêncio que devastou a cidade de Roma no ano 64 e registrando a opinião corrente na época de que o próprio Nero ordenara que se colocasse fogo na cidade, a fim de atingir maior glória pessoal na reconstrução da cidade. Afirma em Anais XV.44:
Mas nem todo o socorro que uma pessoa poderia ter prestado, nem todas as recompensas que um príncipe poderia ter dado, nem todos os sacrifícios que puderam ser feitos aos deuses, permitiram que Nero se visse livre da infâmia da suspeita de ter ordenado o grande incêndio, o incêndio de Roma.
Portanto, para conter os rumores, Nero os apresentou como culpados e os puniu com a expressão máxima da crueldade, uma classe de homens, detestados pelos seus vícios, a quem a população designava de cristãos. Cristo, de quem derivava este nome, havia sido executado mediante sentença do procurador Pôncio Pilatos no tempo em que Tibério era imperador; e essa perniciosa superstição foi reprimida por algum tempo, para irromper outra vez, não apenas na Judéia, o berço da praga, mas na própria Roma, onde tudo o que é vergonhoso no mundo parece convergir e achar guarida conveniente.
Uma quarta citação é a de Caio Plínio II (Plínio, o Moço). Ele nasceu em 61 d.C. e chegou a ser governador da Bitínia, na Ásia menor. No ano 112 d.C., Plínio escreveu uma carta ao imperador Trajano, solicitando orientação sobre como tratar os cristãos. Na carta ele explica que vinha matando homens e mulheres, meninos e meninas. Eram tantos os que estavam sendo mortos que ele tinha dúvidas se deveria continuar matando todos os cristãos que descobrisse ou apenas alguns. 



Caio Plínio ainda explica que fizera os cristãos se curvarem perante as estátuas de Trajano e que ainda “os fez amaldiçoarem a Cristo, o que não se consegue obrigar um cristão verdadeiro a fazer”. Na mesma carta ele fala das pessoas que estavam sendo julgadas:
Eles afirmavam, no entretanto, que sua única culpa, seu único erro, era terem o costume de se reunirem antes do amanhecer num certo dia determinado, quando então cantavam responsivamente os versos de um hino a Cristo, tratando-o como Deus, e prometiam solenemente uns aos outros a não cometerem maldade alguma, não defraudarem, não roubarem, não adulterarem, nunca mentirem, e a não negar a fé quando fossem instados a fazê-lo (Epístolas X. 96).
Outro historiador romano, Suetônio, também faz uma citação aos cristãos. Ele nasceu em 69 d.C. Era um oficial da corte de Adriano e escritor dos anais da Casa Imperial. Em A vida de Cláudio, o historiador afirma: “Uma vez que estavam os judeus promovendo constantes agitações sob a instigação de Cristo, ele os expulsou de Roma”. Em A vida de Nero, diz também: “Nero infligiu castigo aos cristãos, um grupo de pessoas dadas a uma superstição nova e maléfica”.



Luciano de Samósata, um escritor satírico nascido em 125 d.C., é mais um que cita Jesus e os cristãos em seus escritos. Em tom de zombaria, ele relaciona os cristãos às sinagogas da Palestina e refere-se a Cristo como:
[...] o homem que foi crucificado na Palestina porque introduziu uma nova seita no mundo... Além disso, o primeiro legislador dos cristãos [Jesus] os persuadiu de que todos eles seriam irmãos uns dos outros, após terem finalmente cometido o pecado de negar os deuses gregos, adorar o sofista crucificado e viver de acordo com as leis que ele deixou (O Peregrino Passageiro).
Os comentários encontrados nos Talmudes também são bem interessantes. Eles são códigos de discussões rabínicas que começaram a ser escritos algum tempo após a destruição de Jerusalém em 70 d.C., baseado em tradições antigas de líderes judaicos. Vejamos dois trechos:
Na véspera da Páscoa eles penduraram Yeshu (de Nazaré) e antes disso, durante quarenta dias o arauto proclamou que ia ser apedrejado ‘por prática de magia e por enganar Israel e fazê-lo se desviar. Quem quer que saiba algo em sua defesa venha e interceda por ele’. Mas ninguém veio em sua defesa e eles o penduraram na véspera da Páscoa.
E acreditas que em favor de Yeshu de Nazaré houvesse qualquer direito de apelação? Ele era um enganador, e o Misericordioso disse: ‘Não o pouparás nem o esconderás.
Para finalizar a pequena lista de exemplos, a carta de Mara Bar-Serapion, um escritor sírio, que tenta encorajar o seu filho a adquirir conhecimento, é uma boa evidência não-cristã de que Jesus existiu. O documento é datado de cerca de 73 d.C. Na época Mara Bar-Serapião estava preso, mas procurou incentivar seu filho, por meio de uma carta, à buscar a sabedoria. Ele argumenta ainda que embora os homens sábios sempre tenham sido perseguidos, seus ensinos sobreviveram. Lemos:
Que vantagens os atenienses obtiveram em condenar Sócrates à morte? Fome e peste lhes sobrevieram como castigo pelo crime que cometeram. Que vantagem os habitantes de Samos obtiveram ao pôr fogo em Pitágoras? Logo depois sua terra ficou coberta de areia. Que vantagem os judeus obtiveram com a execução de seu sábio Rei? Foi logo após esse acontecimento que o reino dos judeus foi aniquilado. Com justiça Deus vingou a morte desses três sábios: os atenienses morreram de fome; os habitantes de Samos foram surpreendidos pelo mar; os judeus, arruinados e expulsos de sua terra, vivem completamente dispersos. Mas... Sócrates não está morto; ele sobrevive nos ensinos de Platão. Pitágoras não está morto; ele sobrevive na estátua de Hera. Nem o sábio Rei está morto; ele sobrevive nos ensinos que deixou.
Ainda existem outros documentos que eu poderia citar. Porém, esses são os principais e são unanimemente reconhecidos pelos historiadores como documentos confiáveis. Perceba que só por esses, já era possível remontar o básico da história descrita em documentos cristãos: que Jesus foi um homem judeu sábio, que era conhecido por ser virtuoso, que fez muitos discípulos, que morreu em uma cruz e cujos discípulos não abandonaram a fé nele, mas passaram a acreditar na sua ressurreição e a espalhar essa fé com tanto fervor a ponto de aceitarem torturas e morte de judeus e romanos.



Portanto, não há um motivo sequer para crer que Jesus não existiu. A hipótese é terrivelmente ignorante e anti-histórica. Poderíamos terminar por aqui e nem analisar a hipótese de que Jesus teria sido uma mistura de mitos pagãos sustentado pelos apóstolos. Afinal, já sabemos que ele existiu. No entanto, devido à repercussão que a mesma tem tido entre os “céticos” leigos, ela merece ser uma análise específica.



B) Jesus não existiu, foi uma mistura de mitos



Os primeiros estudiosos que puseram em dúvida a existência histórica de Jesus surgiram na época do iluminismo. A teoria não durou muito e a maioria dos grandes historiadores atuais (cristãos e não-cristãos) a considera absurda. Em 2007, no entanto, houve uma tentativa estapafúrdia dos produtores de um documentário chamado Zeitgeist de resgatar esta tese, afirmando haver paralelos entre Jesus e deuses antigos como Hórus, Osíris, Átis, Dionísio e Mitra. A ideia seria mostrar que tais paralelos provam que Jesus foi apenas uma invenção dos primeiros cristãos, baseada em mitos antigos de outras religiões. Entre os paralelos estariam: o nascimento virginal, o nascimento no dia 25 de dezembro, os 12 discípulos, o título e a missão de salvador do mundo, a morte em uma cruz e a ressurreição.



Mas o documentário só teve sucesso entre o público leigo, que, em geral, não procurou pesquisar sobre o assunto. Qualquer que procure estudar um pouco sobre o que diz o documentário, perceberá facilmente como que a hipótese se baseia em especulações, interpretações forçadas, fontes não confiáveis e até mesmo falsificações. Vamos fazer uma análise bem breve (numa outra ocasião farei uma análise mais detalhada do documentário).



No que diz respeito ao nascimento virginal, por exemplo, nenhum dos deuses citados nasceu sem que seus progenitores tivessem uma relação sexual. Só para citar dois deuses: Hórus, um deus da mitologia egípcia, surgiu da cópula entre a deusa Isis e o deus Osíris; Mitra, em algumas tradições pagãs, nem sequer nasceu de um ser vivo, mas a partir de uma rocha. Então, o que a teoria quer dizer quando afirma que tais deuses tiveram nascimentos virginais?



Quanto à data 25 de dezembro, ela não corresponde à verdadeira data de nascimento de Jesus Cristo. Ela era apenas a data fixada pelos pagãos para celebrar o nascimento de Mitra e que acabou sendo utilizada pela Igreja Romana para comemorar o nascimento de Cristo, com o intuito de unir cada vez mais os cristãos e os pagãos do império. Ou seja, não há aqui paralelo entre Jesus e deuses pagãos quanto à data de nascimento. Jesus não nasceu dia 25 de Dezembro.



Os doze discípulos atribuídos a Hórus não aparecem em nenhum relato antigo da mitologia egípcia. Na verdade, Hórus, na mitologia egípcia, jamais foi narrado como sendo um mestre, mas sim um deus. Por esse motivo, seus seguidores não eram discípulos, mas semideuses e ferreiros que o acompanhavam nas guerras. E não eram apenas doze, mas centenas deles.



Com relação ao título e a missão de salvador do mundo, isso é totalmente incompatível com estes deuses. Em todas as mitologias, deuses são apenas seres poderosos que governam o mundo (ou parte dele) e que em algum momento disputam entre si o poder (ou outra coisa em que tenham interesse). A idéia de um salvador e, principalmente, de um redentor que sacrifica sua vida em prol dos humanos não provém dessas mitologias. 



Isso fica evidente, por exemplo, quando constatamos que Hórus, Osíris e Átis não sabiam que iriam morrer (ao contrário de Jesus). E a morte dos mesmos em nada ajudou os seres humanos, dando-lhes algo como salvação ou renovação espiritual. Ou seja, não houve um sacrifício vicário, nem uma redenção e muito menos a salvação de algum ser humano. As mortes desses deuses foram azares em suas vidas e não o cumprimento de uma missão pré-estabelecida.



A crucificação de alguns desses deuses é outra mentira. Além de não haver fonte antiga da mitologia egípcia que afirme isso, os primeiros relatos de crucificação só aparecem na pérsia mil depois do surgimento de Mitra. E ela só chegou ao Egito por meio de Alexandre, o Grande, quando o mito de Hórus já existia há séculos. Como, então, esses deuses teriam sido crucificados, se não havia esse tipo de morte quando tais mitos foram elaborados?



Por fim, no que diz respeito à ressurreição desses deuses, duas observações precisam ser feitas aqui. A primeira é que nas religiões pagãs era comum que se adorassem deuses que morriam e reviviam continuamente. Estes deuses eram símbolos de ciclos naturais, como a colheita. Em época de seca, por exemplo, dizia-se que o deus da colheita estava morto e ao término da seca, dizia-se que ele estava revivendo. Isso nada tem a ver com a idéia de ressurreição da Bíblia, na qual uma pessoa de carne e osso morre fisicamente e depois retorna à vida, com o mesmo corpo, só que restaurado. 



A segunda observação é que deuses como Hórus, Osíris e Átis, na verdade, não retornaram à vida da mesma forma como Jesus retornou. A morte de Hórus, por exemplo, não é citada até o momento em que ele se funde com o deus-sol Rá e passa a “morrer” todos os dias quando o sol se põe (tornando a vida no nascer do sol). Já Osíris, ao ter seus pedaços reunidos por Isis, se torna um deus-múmia, passando a habitar no mundo dos mortos. E Átis, em algumas tradições, ressurge como uma árvore e, em outras, como um ser que só conseguia movimentar um dedo (o que se assemelha muito mais a reencarnação do que a ressurreição).



Além dessas análises, deve-se ter em mente que grande parte do que se sabe sobre esses deuses está em documentos que datam de 200 d.C a 300 d.C. O pouco que se conhece a respeito desses deuses e que fazem parte de documentos anteriores ao nascimento de Jesus Cristo está, em sua maioria, em desenhos, nos quais a interpretação pode ser um tanto quanto subjetiva. 



Em outras palavras, qualquer semelhança que haja entre Jesus Cristo e os deuses pagãos provavelmente é um efeito da influência do cristianismo sobre as religiões pagãs nos primeiros séculos e não o contrário. Até porque, o cristianismo surgiu do judaísmo em um contexto no qual os judeus estavam mantendo sua religião fechada e muito apegada às suas leis. Acreditar, portanto, que esses mitos influenciaram os primeiros cristãos (que eram judeus) é acreditar em algo extremamente improvável (e que também não apresenta evidências).



Outro ponto importante e que foi levantado pelo doutor em história das religiões Crhis Forbs, é que essas mitologias não se inserem em contextos históricos. Elas são narradas como se fossem contos de fadas. Não apresentam datas, nem nomes de pessoas reais, nem descrições detalhadas do contexto histórico e político, nem o nome das pessoas importantes, nem os costumes da época e muito menos se relacionam com eventos importantes e reais (fatos históricos). Na postagem em que falei sobre o argumento da ressurreição, falei sobre isso quando apresentei o primeiro critério para a confiabilidade de um fato. O leitor se lembra? 



As mitologias da Grécia e do Egito são mais ou menos como o folclórico Saci Pererê, daqui do Brasil. São histórias que não se inserem em um contexto espaço-temporal, no qual podemos iden-tificar a história, a cultura, a economia, a política, os costumes etc. Em contraponto, Jesus Cristo está amplamente inserido em um contexto espaço-temporal. Esta é a grande diferença entre Jesus Cristo e os mitos das outras religiões.



Aqui voltamos àquela questão da invenção de uma mentira, que também tratei no primeiro critério de confiabilidade: um mentiroso jamais misturará uma mentira a fatos históricos importantes e recentes, dando detalhes do contexto em que inseriu a mentira. Como já exemplifiquei, eu poderia inventar que existiu um lobisomem na minha cidade. Mas minha mentira jamais iria para frente se eu dissesse que esse lobisomem nasceu em Deodoro, foi vereador, teve uma crise na câmara, seqüestrou o prefeito, foi preso, ficou quatro anos no presídio e quando saiu foi morto em praça pública por muitas pessoas cuja maioria está viva até hoje. Mas é isso que a Bíblia faz com relação à história de Jesus Cristo. Poderia, então, ser uma mentira? É claro que não.



Portanto, todas essas teorias de que Jesus Cristo teria sido invenção e uma mistura de mitos, não passa de ceticismo ignorante, que não resiste a uma análise mais detalhada. O único motivo pelo qual essas teorias ainda circulam por aí é que os auto denominados céticos não fazem um exame cético de seu próprio ceticismo. 



Se, com tudo isso, o leitor ainda duvida da existência de Jesus, então seja honesto e passe a duvidar também de Alexandre o Grande, Júlio César e outros personagens que são tão reconhecidos pelos historiadores, embora sejam historicamente menos confiáveis que Jesus.
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Bibliografia:



1. F.F. Bruce, Merece confiança o Novo Testamento? – Ed. Vida Nova, 2010 (Terceira Edição).
2. Josh McDowell, Evidência que exige um veredicto – Ed. Candeia, 1996 (Segunda Edição).
3. Norman Geisler e Frank Turek, Não tenho fé suficiente para ser ateu – Ed. Vida Acadêmica.
4. Renato Groger, Osíris e Hórus: Protótipos do Jesus da fé? (Artigo presente no seguinte link:


5. William Lane Craig, Jesus e a mitologia pagã (Artigo presente no seguinte link:


6. Marina Garner, Jesus Cristo: um plágio? (artigo presente no link:


7. Guilherme Born, Jesus: um plágio? (Artigo presente no link:


8. J. P. Holding, Andando como um Egípcio (Artigo presente no link:


9. Zwinglio Alves Rodrigues, O Cristianismo e as Religiões de Mistérios Pagãs (Artigo presente no link:


10. Ronald Nash, O Novo Testamento foi influenciado pelas religiões pagãs?(Artigo presente no link: http://www.monergismo.com/textos/apologetica/nt-rel-pagas_nash.pdf).

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