sábado, 15 de dezembro de 2012

Destrinchando Zeitgeist - Parte 1: Jesus e a mitologia pagã

Em 2007 saiu o primeiro filme do documentário Zeitgeist. Trata-se de uma obra de cerca de 1h30min de duração e que tem como seu objetivo principal acusar o sistema capitalista de sustentar grandes mentiras globais que possam ser convenientes aos seus interesses econômicos.

O documentário se divide em três partes. A segunda e a terceira parte, que não me interessam muito, falam sobre a teoria de que o ataque às torres gêmeas, em 11 de setembro de 2001, em Nova York, nos Estados Unidos, teria sido arquitetado pelo próprio governo americano (e não por terroristas islâmicos), a fim de ter desculpas para intensificar a luta contra os países muçulmanos e declarar guerra ao Iraque; e sobre a teoria de que existe uma elite, formada pelos sistemas bancários do mundo, que pretende se unir e alcançar domínio mundial.

Já a primeira parte é uma explanação da teoria de que Jesus Cristo, fundador do cristianismo, teria sido apenas um mito formado a partir de personagens de diversas mitologias pagãs. A prova dessa teoria seria a série de características comuns (paralelos) que, segundo o documentário, existe entre Jesus e tais personagens mitológicos. Esta é a parte que gostaria de analisar a partir de hoje.

Infelizmente, eu só vim saber da existência desse documentário em 2010 e não dei muita atenção ao mesmo na época. Contudo, agora que comecei a postar com mais freqüência neste blog, senti a necessidade de escrever uma série de postagens abordando com detalhes o tema. O objetivo principal dessa série é mostrar ao público que a maior parte das afirmações feitas em Zeitgeist é baseada em erros de metodologia histórica, especulações, interpretações forçadas, fontes tardias e até mesmo falsificações.

Na parte final da série, farei ainda uma análise detalhada sobre os motivos pelos quais o documentário comete um número tão grande de erros e explicitarei uma curiosa ironia: o documentário que se propõe a refutar crenças religiosas, tenta empurrar para o expectador uma série de crenças irracionais e extremamente perigosas, provenientes da “religião política” (isso fica mais evidente no segundo filme do documentário: Zeitgeist Addendum, lançado em 2008).

Os paralelos entre Jesus e personagens da mitologia pagã

A primeira parte do documentário, como já dito, se concentra na teoria de que Jesus não existiu, tendo sido, na verdade, uma mistura de mitos pagãos. A teoria alega que há um grande número de paralelos entre Jesus e tais mitos, dos quais os que mais se destacam são: (1) o nascimento virginal; (2) o nascimento no dia 25 de dezembro; (3) a visita dos três reis magos no dia do nascimento; (4) o batismo aos trinta anos; (5) os 12 discípulos; (6) o título e a missão de salvador; (7) a morte na cruz; e (8) a ressurreição três dias depois.

Os principais personagens que supostamente dividem essas características com Jesus seriam os seguintes: Hórus e Osíris (deuses egípcios), Dionísio (um deus grego), Krishna (um deus hindu), Átis (um personagem da mitologia grega) e Mitra (um deus persa). Há também outros, que são citados por alto e que eu analisarei no final. Bem, o que estamos esperando? Vamos às análises.

1) Nascimento Virginal:

O documentário começa seu trabalho a partir do deus egípcio Hórus. A primeira afirmação é de que ele teria nascido de uma virgem. Nada mais mentiroso. O Hórus ao qual se refere o documentário era filho do casal de deuses Osíris e Isis. A história de sua concepção é mais ou menos assim: o bom deus Osíris foi enganado e morto pelo seu irmão Seth (que desejava o Egito para si). Seth cortou Osíris em 14 pedaços e escondeu cada pedaço em um local diferente. Então, Isis, esposa e irmã de Osíris procurou pelos seus pedaços e quando conseguiu reuni-los teve relações sexuais com ele ainda morto, ficando grávida. O filho que nasceu dessa relação foi Hórus.

Minha pergunta é: onde está aqui o nascimento virginal? Ok. Podemos dizer que foi um nascimento miraculoso, pois Osíris estava morto. Mas de forma alguma foi um nascimento virginal. Um antigo hino egípcio encontrado numa estela e datado de cerca de 1400 a.C. afirma que Isis “recebeu a sua semente [a semente de Hórus] e concebeu um herdeiro”. Um antigo relevo retrata Isis em forma de pássaro pousando sobre o pênis ereto de Osíris morto. O que isso tem a ver com virgindade? 

A afirmação de nascimento virginal também é feita sobre Atis, Krishna, Dionísio e Mitra. Mais mentiras. Com relação a Átis, não há nada na mitologia grega de afirme que a deusa Nana (mãe dele) era virgem quando concebeu Átis. O que pode ser visto é que a deusa concebeu a Átis por ter colocado uma romãzeira em seu seio. Embora isso seja um nascimento que não se dá através de relações sexuais, não temos como dizer que Nana não havia tido relações sexuais anteriormente. Afora isso, se a idéia é comparar Jesus a esses deuses, uma deusa que põe uma romãzeira no seio para gerar um filho é algo muito distante da concepção de Jesus por Maria.

Krishna, deus hindu, também não nasceu de uma virgem. Segundo o mito hindu, ele seria o oitavo filho do casal Devaki e Vasudeva. A diferença dele para os irmãos é que ele teria sido concebido por meio de uma transmissão mental de Vasudeva no ventre de Devaki. Um nascimento sem relações sexuais, mas que deixa claro que o deus hindu era filho legítimo de Devaki e Vasudeva. Isso difere bastante do nascimento de Jesus que, na verdade, não adivinha da união de José e Maria, mas provinha diretamente de Deus. 

O que ocorre com Krishna poderia ser comparado, por exemplo, a um nascimento por inseminação artificial, onde o filho nascido é mesmo do casal, mas não foi gerado pela relação sexual desses pais. Como se vê, isso em nada se assemelha ao nascimento virginal de Jesus. No nascimento de Jesus, Maria jamais havia tido relação sexual com homem algum e também seu filho não pertencia nem a ela nem a José. Maria foi apenas, por assim dizer, uma barriga de aluguel para Jesus.

Perceba que aqui existe uma confusão. Quem não é cristão costuma a pensar que Jesus era filho de Deus com Maria. Ao ouvir que Maria concebeu pelo Espírito Santo, o não-cristão é levado a pensar que o Espírito Santo copulou com Maria ou que o “sêmen” do Espírito Santo se uniu aos óvulos de Maria. Mas o que ocorreu não foi isso. Como já disse, Maria foi apenas uma barriga de aluguel. Ela concebeu Jesus, mas Jesus não era resultado de um “casamento” dela com Deus.

Continuando a lista, temos a alegação do nascimento virginal de Dionísio. Como na maioria dos mitos gregos, existem algumas versões diferentes para a história do nas-cimento desse deus. A mais antiga e conhecida é a seguinte: Um rei humano chamado Cadmo tinha várias filhas (também humanas). Uma delas se chamava Sêmele. Atraído pela beleza de Sêmele, o deus Zeus acabou enamorando-se dela. Como resultado, Zeus a engravidou de um filho. Este filho foi Dionísio. 

Em outra versão, menos antiga e já misturada a outros mitos, Zeus tem um filho de Perséfone, chamado Zagreu. A esposa de Zeus, Hera, com ciúmes de sua traição, manda os Titãs despedaçarem Zagreu e comerem seus pedaços. Mas Atena consegue resgatar o coração de Zagreu e entrega-o a Zeus. Este, por sua vez, prepara uma poção com o coração do filho morto e dá a Sêmele antes de engravidá-la (ao que tudo indica, uma forma encontrada de reviver Zagreu através do nascimento de um novo filho). Este filho novo é Dionísio.

Como se vê, em ambos as versões, não há nascimento virginal. Dionísio é fruto de uma relação sexual entre o deus Zeus e a humana Sêmele. Neste ponto, já é possível entender o motivo pelo qual o documentário entende alguns nascimentos como virginais sem que o tenham sido. A idéia é que um nascimento virginal seria a união entre dois deuses ou entre um deus e um humano. Essa idéia surge justamente da errônea interpretação de Jesus como sendo filho de Deus com Maria. Ora, se Jesus é filho de Deus com Maria mesmo, então quando a Bíblia diz que Maria era virgem, estava querendo dizer que quem tem relações sexuais com deuses é virgem. É por isso que Osíris e Dionísio são vistos pelo documentário como nascidos de uma virgem (ridículo, não?).

A última alegação quanto ao nascimento virginal seria a do deus Mitra. Aqui é constatada mais uma mentira. O deus Mitra sequer nasceu de mulher. Sua concepção se deu através de uma rocha, debaixo de uma árvore sagrada, próximo a uma fonte sagrada, conforme algumas imagens e alguns escassos textos antigos afirmam. Talvez devamos perguntar aos produtores do documentário se esses textos diziam que a pedra era uma pedra vigem...

Portanto, no que diz respeito ao nascimento virginal, o que vimos até aqui em nada se parece com o nascimento de Jesus. O nascimento virginal de Jesus pode ser resumido em três aspectos básicos: (1) uma mulher virgem que dá a luz um filho; (2) este filho não provém de nenhum tipo de união dessa mulher com Deus ou com o homem ou com alguma coisa; é um filho que não provém de união com nada, pois na verdade ele é parte do próprio Deus. Seu nascimento humano não é o começo de sua existência como ser, mas apenas a sua transformação em ser humano desde o primórdio da vida de todo o ser humano; (3) essa mulher simplesmente serve de barriga de aluguel.

Veja que nenhum desses aspectos básicos pode ser visto no nascimento desses deuses citados pelo documentário Zeitgeist. Os deuses Hórus e Dionísio nasceram através de relações sexuais. Krishna nasceu através de uma relação mental entre um casal, o que nós poderíamos chamar de “inseminação mental”. Átis só nasceu porque Nana pôs uma romãzeira em seu seio (ou seja, ele era produto dessa estranha união). Mitra nasceu de uma pedra. Enfim, os nascimentos desses deuses são tão diferentes do nascimento de Jesus que qualquer tentativa de comparação é forçosa.

2) Nascimento no dia 25 de Dezembro:

Um segundo paralelo entre Jesus e os deuses mitológicos seria o nascimento no dia 25 de dezembro. Talvez esse seja o ponto mais ridículo do documentário. O motivo é simples: Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro de verdade. Esta é uma informação tão conhecida por mim e por amigos e colegas meus que eu pensava mesmo que todos soubessem desse fato. Parece que me enganei.

O dia 25 de dezembro é o dia em que se comemorava o nascimento de Mitra no paganismo. Como no terceiro século muitos pagãos cultuavam esse deus, uma estratégia da igreja católica para aproximar os pagãos do cristianismo foi adotar a data como data do nascimento de Jesus também.

Não somente o dia 25 de dezembro foi adotado, mas também costumes, trajes, culturas e artes pagãs. Tudo numa tentativa de unir cristãos e pagãos em uma só fé. É justamente por isso que começam a surgir, nessa época, descrições dos antigos deuses com muitas semelhanças a Jesus. O sincretismo impulsionado pela igreja cristã e aceito pelas religiões pagãs modificou as antigas mitologias, que passaram a agregar aspectos cristãos. Ao mesmo tempo, embora preservando sua fé principal em Jesus, os cristãos também agregaram muitos aspectos pagãos a sua fé. A oficialização do primeiro dia da semana (dia de Mitra) como dia sagrado do cristianismo, foi um desses aspectos. O dia sagrado do Deus judaico-cristão, na verdade, é sábado e não domingo.

Quanto à data verdadeira do nascimento de Jesus, ninguém sabe ao certo. Mas acredita-se que ele tenha nascido entre os meses de setembro e outubro. A razão para isso é que Jesus morrera na páscoa judaica que é comemorada no mês que corresponde a Abril para nós. Como Jesus Cristo tinha mais ou menos 33 anos e meio na época de sua morte, então faltavam cerca de 6 meses para o seu aniversário. Em outras palavras, Jesus teria nascido em outubro. Considerando uma margem de erro de 30 dias para mais ou para menos, então temos que Jesus nasceu entre o início do mês de setembro e o fim do mês de outubro (em nosso calendário).

Portanto, vemos aqui que mais uma vez não existe paralelo entre Jesus e outros deuses. Mais uma vez o documentário mostra sua total falta de conhecimento ou, mais provavelmente, seu total comprometimento com a distorção dos fatos.

3) Os três reis magos:

Um terceiro suposto paralelo mostrado pelo documentário seria a existência de 3 reis adorando cada um desses deuses quando recém-nascidos. Sobre isso, existem dois pontos básicos a serem discutidos. O primeiro é o seguinte: em nenhum local da Bíblia há uma menção a três reis adorando Jesus após seu nascimento. A narrativa bíblica dos magos que foram visitar o menino Jesus Cristo se limita a dizer que “vieram uns magos do oriente” (Mateus 2:1). Em nenhum momento a passagem fala que esses magos eram reis ou que eram em número de três.

Eu não sei ao certo porque a cultura popular chama os magos de reis, mas eu sei que se trata de tradição cultural e não de relato bíblico. Quanto ao número dos magos, a igreja católica sempre presumiu que foram três por associar os magos aos presentes que deram a Jesus (ouro, mirra e incenso – cada um teria dado um desses). Mas a Bíblia sequer afirma que foram três os presentes. É possível que tivessem vários magos (talvez quatro, cinco, seis ou dez) todos eles com ouro, incenso e mirra ou alguns com ouro, outros com incenso e outros com mirra. Não necessariamente havia um presente de ouro, um vaso de mirra e um só incenso (o que seriam três presentes).

Enfim, nada na narrativa garante que eram três magos e que esses magos eram reis. Isso já destrói todo o “paralelo”. Mas não acaba aí. Devemos salientar que a Bíblia também não diz que esses magos seguiam a estrela Sírius, como o filme tenta induzir o espectador a acreditar. A Bíblia deixa claro que a estrela seguida pelos magos era uma estrela nova e diferente. Afinal de contas estrelas não se movimentam e, por isso, não podem guiar ninguém a lugar nenhum. Mas essa guiava. Então, não era a estrela Sírius nem qualquer outra estrela conhecida. Era uma estrela inteiramente nova e diferente.

Outro aspecto interessante é que a narrativa bíblica não fala que os magos foram adorar Jesus logo que ele nasceu. A visão popular dos magos presenteando Jesus em um presépio, no meio de vários animais, algumas horas depois de seu nascimento, é apenas folclore. A narrativa bíblica mostra que os magos vinham de muito longe e que seguiam a estrela a cerca de dois anos (Mateus 2:16). Ou seja, quando os magos finalmente che-garam a Belém, Jesus já tinha dois anos de idade. Isso fica bem claro em Mateus 2:11, que diz que os magos entraram em uma casa (e não em um estábulo).

Portanto, o que temos até aqui sobre o nascimento de Jesus é que ele não nasceu no dia 25 de dezembro, não foi apontado pela estrela Sírius e não teve 3 reis adorando-o momentos depois de seu nascimento. Quer dizer, todos os paralelos alegados entre Jesus e outros deuses no que tange ao nascimento, não existem.

O segundo ponto a ser discutido é o seguinte: não há menção alguma, em relatos antigos, a três reis adorando os próprios deuses pagãos em seu nascimento. Descrições como essas, ou melhor, imagens, só aparecem depois do terceiro e quarto século d.C., quando o paganismo começou a sofrer forte influência cristã. Contudo, estas imagens não nos servem para resgatar as crenças antigas das religiões pagãs. A nós, na função de historiadores, importa-nos somente imagens e manuscritos datados de centenas de anos antes de Cristo e não imagens e manuscritos datados de centenas de anos depois.

4) Batismo aos 30 anos:

Em algumas religiões sempre foi comum encontrar cerimônias de purificação e/ou de iniciação na religião. Por esse motivo, é possível achar em algumas delas rituais que utilizavam banhos de água ou de outro líquido. Ora, nada melhor para simbolizar uma purificação e iniciar uma pessoa em um novo sistema de crenças do que um banho, sobretudo um banho com água. A água é um símbolo de pureza. Assim, não é surpreendente que a cerimônia usada pelo cristianismo para simbolizar a aceitação de Jesus pelo cristão tenha relação com a água.

Isso não prova que o cristianismo é um plágio de outras religiões, mas somente evidencia que a água e o banho sempre foram vistos pelas pessoas como bons símbolos de pureza. E isso acabou sendo refletido em rituais de algumas religiões. Então, pouco importa se antes do batismo cristão existiam rituais parecidos que envolviam imersão e água ou se não existiam.

Agora, nem era necessário eu falar sobre isso. Afinal de contas, não há fontes de centenas de anos antes de Cristo que comprovem a alegação de que alguns deuses do paganismo passaram por uma cerimônia de purificação semelhante ao batismo na idade de trinta anos. Para não me tornar repetitivo, vamos deixar clara uma coisa aqui: textos e imagens de séculos posteriores a Cristo que trazem paralelos entre Cristo e deuses pagãos não nos servem para nada. Se alguém quer insistir nesses paralelos, deve mostrar as fontes antigas, isto é, que datam de séculos antes de Cristo.

Posso dar exemplos: tudo que sabemos sobre a história original de Osíris, Isis e Hórus estão no Livro dos Mortos, nos Textos da Pirâmide e em algumas estelas (tal como a Estela de Matternich, por exemplo). Tudo o que sabemos sobre Zeus, Hércules e Dionísio estão em obras como Ilíada e Odisséia de Homero, Teogonia e O Trabalho e os Dias de Hesíodo e etc. São esses documentos que importam para o nosso estudo, porque são datados de muitos séculos antes do nascimento de Jesus. 

Curiosamente, Zeitgeist não faz citações diretas a essas fontes. Curiosamente, as alegações de nascimento virginal no dia 25 de dezembro, dos três reis adoradores, do batismo aos trinta anos, dos 12 discípulos, da morte na cruz e da ressurreição ao terceiro dia não aparecem nesses documentos antigos. Eu dei os nomes. O leitor pode procurar se quiser. Verá que não há nada disso nas mitologias clássicas. 

5) Os 12 discípulos:

Como já disse, não se encontra isso nas fontes antigas. Tanto que se você fizer uma pesquisa na internet ou em qualquer livro de mitologias egípcia, grega e etc., não encontrará essa informação. Aliás, vale salientar que os deuses dos mitos pagãos jamais foram descritos como mestres, mas sim como deuses. Por esse motivo, seus seguidores geralmente eram guerreiros, ferreiros e semideuses, não “discípulos”. É o caso de Hórus que era, reconhecidamente, um deus guerreiro, que tinha um exército e que lutava para vingar a morte de seu pai, o deus Osíris.

Talvez o único deus que se encaixe na categoria de “mestre” seja Osíris. Antes de ser morto por Seth, ele tinha o costume de ensinar artes e práticas de cultivo para os egípcios, segundo a mitologia. Só que ele ensinou isso para toda a nação e não apenas para um grupo de discípulos. Não há referência a um grupo seleto de 12. E muito menos a descrição de Osíris como mestre. 

Aliás, por falar em mestre, é interessante ressaltar que Dionísio em vez de ser um mestre e/ou de ser conhecido como tal, ele tinha um mestre. Seu nome era Sileno e ele ensinou a Dionísio o cultivo da vinha, a poda de galhos e a fabricação de vinho, o que fez com que Dionísio se tornasse o deus do vinho. Dionísio também tinha alguns companheiros. Não eram discípulos, mas colegas que desfrutavam do vinho juntamente com ele, tais como ninfas e centauros. Não há menção ao numero doze...

Outro ponto importante é notar que boa parte dos deuses mitológicos eram tão ou mais pecadores que nós, humanos. A mitologia grega, por exemplo, oferece um panorama bem feio de como eram os deuses: brigões, beberrões, lascivos, excessivamente ciumentos, injustos e, sobretudo, egoístas. É improvável que eles fossem chamados de mestres com semelhante caráter e com sua indiferença quanto ao ser humano.

6) O título e a missão de Salvador:

O título e a missão de salvador do mundo são aspectos totalmente incompatíveis com estes deuses. Em todas as mitologias pagãs, deuses são apenas seres poderosos que governam o mundo (ou parte dele) e que em algum momento disputam entre si o poder (ou outra coisa em que tenham interesse). A idéia de um salvador e, principalmente, de um redentor que sacrifica sua vida em prol dos humanos não provém dessas mitologias.

Tomemos como exemplo o mito de Osíris. Ele não sabia que iria morrer. Nunca foi sua intenção morrer pela humanidade (ao contrário de Jesus). Sua morte foi um azar em sua vida, um acontecimento inesperado e não o cumprimento de uma missão pré-estabelecida com o fim de salvar o homem. Osíris simplesmente vivia tranqüilamente quando foi pego de surpresa por Seth, que o matou e cortou em 14 pedaços. Não há um plano pré-estabelecido de redenção, salvação e purificação do homem aqui. Há apenas um homicídio inesperado. 

O mesmo pode-se dizer de Hórus, Átis e Krishna. Nenhum desses pretendia dar a vida pela humanidade ou sequer sabia que iria ser morto. Hórus morreu ainda criança, ao ser picado por escorpiões. Átis se matou, após ser enlouquecido pela deusa Cibele, que ficou irada ao saber que ele havia quebrado seu voto de fidelidade a ela. Krishna morreu com uma flechada de um caçador chamado Jara (numa floresta) que o confundiu com um animal.

Portanto, as mortes desses deuses não ajudaram o homem a conseguir renovação espiritual ou salvação. Não houve sacrifício vicário, nem redenção e muito menos uma salvação através da morte de tais deuses. Mais uma vez: as mortes desses deuses foram azares e não o cumprimento de uma missão de salvação da humanidade. E, vale dizer que não se encontra em fontes antigas o título de salvador para tais deuses.

7) A crucificação:

A idéia de que tais deuses foram crucificados talvez seja a maior falsificação que o documentário fez. Em primeiro lugar, não há fontes antigas que afirmem isso e nem poderia haver. Os primeiros relatos de crucificação de criminosos só surgem na Pérsia, quase mil anos após o surgimento do deus Mitra. E ela só chega ao Egito por meio de Alexandre o Grande, quando o mito do deus Hórus já existia há séculos. Como, então, esses deuses teriam sido crucificados, se não havia esse tipo de condenação quando tais mitos foram elaborados? Note que não há citação, por parte do documentário, aos documentos que trazem essas informações...

Em segundo lugar, o documentário ignora a história mitológica clássica desses deuses pagãos. Osíris foi morto por Seth da seguinte maneira: Seth o convenceu a entrar em um sarcófago em uma festa. Tendo ele entrado, Seth fechou o sarcófago e o jogou num rio. Osíris teria sido morto sufocado, portanto. Como Isis encontrou o seu corpo e o levou consigo, Seth foi atrás de Isis, roubou o defunto e o cortou em 14 pedaços para que Isis não o ressuscitasse por meio de algum feitiço.

Hórus, em algumas tradições, é morto ainda quando vivia com a mãe, escondido de seu tio Seth, o que indica que ele ainda era criança, não tendo ainda idade para se tornar o vingador de seu pai. A tal morte ocorre assim: Seth descobre o esconderijo de Hórus e sua mãe e vai atrás deles. Na fuga, Hórus é picado por um escorpião a mando do próprio Seth, vindo a falecer. O seu retorno vida ocorre um tempo depois por meio de um feitiço feito por Isis, Néftis, Rá e Tot.

Em outras tradições, a morte de Hórus só vem a ser narrada quando ele se funde com o deus-sol Rá, passando a “morrer” em todo o pôr do sol (o documentário chega a mostrar isso). Uhn... Átis, como já vimos, cometeu suicídio. Para ser mais exato, ele se emasculou e depois se matou. Krishna foi morto pelo caçador Java, como também já vimos. Bem, não vejo nenhuma crucificação aqui. O leitor vê? 

Mas o que dizer de toda aquela história do zodíaco, do sol “morrer” por três dias na constelação da crux (alpha crucis) e blá blá blá? Tudo enfeite. O que o documentário tenta fazer é uma analogia entre a astrologia e Jesus para poder sustentar o argumento de que a idéia de crucificação advém de um mito. O problema é que isso não encontra suporte em documentos antigos da mitologia e esbarra no problema de que a cruz era uma condenação real e não um mito astrológico. A arqueologia e a história constatam a existência dessa condenação do quarto século antes de Cristo até o quarto século depois de Cristo (aproximadamente).

Aliás, a idéia de que Jesus é um tipo de deus-sol não passa de uma invenção de Zeitgeist. É o próprio documentário que conclui isso de antemão, arbitrariamente, para começar a montar os argumentos. Desfaça a idéia de que Jesus Cristo é o sol e todo o argumento da analogia astrológica cai por terra.

8) Ressurreição (três dias depois):

No que diz respeito à ressurreição desses deuses, duas observações precisam ser feitas aqui. A primeira é que nas religiões pagãs era comum que se adorassem deuses que morriam e reviviam continuamente. Estes deuses eram símbolos de ciclos naturais, como a colheita. Em época de seca, por exemplo, dizia-se que o deus da colheita estava morto e ao término da seca, dizia-se que ele estava revivendo. Isso nada tem a ver com a idéia de ressurreição da Bíblia, na qual uma pessoa de carne e osso morre fisicamente e depois retorna à vida, com o mesmo corpo, só que restaurado. Muito menos tem a ver com a ressurreição de Jesus, que foi um evento único (não um evento que se repete de tempos em tempos em ciclos da natureza).

Ora, mesmo após alguns desses deuses de ciclos naturais ganharem uma história e uma “existência” menos metafórica (o que não anula a metáfora dos ciclos naturais, como pudemos ver na fusão do deus Hórus com o deus-sol Rá), suas ressurreições ainda assim se diferem muito da ressurreição de Jesus. Essa é a segunda observação.

A começar por Osíris, o que temos não é uma ressurreição nos moldes bíblicos, nos quais a pessoa torna à mesma vida, no mesmo mundo e no mesmo corpo físico que ela tinha antes de morrer. Osíris torna à vida com um corpo remendado e mumificado, e não no mesmo mundo e na mesma vida, mas no mundo dos mortos. 

No entendimento pagão a morte não é o fim da existência e da consciência, mas o fim da existência nessa terra com o corpo que se tinha anteriormente. O fato de Osíris viajar para o mundo dos mortos, passando a habitar lá significa, segundo essa linha de pensamento, que ele estava morto. Quem está no mundo dos mortos está morto. Nesse sentido, Osíris não ressuscitou, mas ganhou existência no mundo dos mortos. 

Veja que não estou tentando distorcer os termos, mas simplesmente ser coerente com essa visão pagã de que morrer é “passar a viver” no mundo dos mortos. E se Osíris passou a viver lá, em um estado mumificado, em vez de tornar ao mundo dos vivos, em seu estado anterior, é porque Osíris permaneceu morto. Em contraponto, Jesus torna à vida no mesmo mundo de antes (o dos vivos) e no mesmo corpo físico de antes (embora, restaurado). Não dá para dizer que são duas “ressurreições” iguais. 

Hórus, em sua fusão com o deus-sol Rá, também não pode ter sua “ressurreição” comparada a de Jesus, já que sua ressurreição não é o retorno de um ser humano à vida, mas simplesmente o “nascer” do sol de cada manhã. Se considerarmos as tradições que afirmam que Hórus morreu e foi ressuscitado quando criança, tudo bem, até temos uma ressurreição semelhante a dos moldes bíblicos. Mas ainda assim, compará-la a de Cristo não deixa de ser uma comparação forçada.

Jesus, ao contrário de Hórus, sabia desde o início que iria ressuscitar, porque tal fato era parte dos planos de salvação de toda a humanidade. Jesus era o Senhor de sua morte e de sua ressurreição. Era o Senhor de seu destino. Já Hórus, morreu sem querer, fugindo de Seth, picado por um escorpião. Só voltou ao mundo dos vivos por um feitiço e sua ressurreição nada teve a ver com a salvação da humanidade. Na verdade, a missão de Hórus sempre foi inteiramente pessoal: ele queria vingar a morte do pai. Assim, sua ressurreição não é uma esperança para a humanidade, mas sim uma esperança para a sua vingança pessoal.

Isso mais uma vez deixa claro a diferença entre um “salvador da humanidade” e um deus pagão. Deuses pagãos tinham muito mais interesses pessoais do que interesse na salvação do ser humano. Até porque o conceito de salvação pagão nunca foi parecido com o conceito de salvação cristão. 

Para algumas religiões pagãs, a salvação era questão de mérito: ia para um bom lugar quem fazia boas coisas ou que conseguia convencer o deus que o julgaria. No Egito, por exemplo, os faraós mandavam pintar as paredes das pirâmides com boas obras de sua vida (mesmo que elas não tivessem ocorrido). Acreditava-se que Osíris iria olhar essas obras em seu julgamento. Quando faraó morria, seus sacerdotes procuravam tirar o coração de seu corpo e trocá-lo por um “coração” de pedra, porque também era crença dos egípcios que Osíris pesaria as maldades do coração em uma balança (e um coração de pedra não tinha maldades).

Para outras religiões pagãs, não existia conceito de salvação. Ao morrer, a alma (ou espírito) de uma pessoa podia vagar por aí e/ou “transmigrar” para um novo corpo, nascendo de novo. Gregos e romanos creram nisso durante um bom tempo. Não é à toa que os deuses gregos e romanos pouco se importavam com o homem ou como ele vivia aqui na terra. Não havia conceito de pecado.

Ainda para outras religiões pagãs, tudo o que o ser humano precisava fazer era agradar os deuses com sacrifícios de sangue e a adoração de esculturas representativas desses deuses, bem como construção de templos para os mesmos. Fazendo essas coisas, podia-se viver como quisesse e crer em uma boa vida após a morte.

O cristianismo quebra radicalmente com todas essas crenças. A salvação não se alcança por mérito próprio (embora devamos fazer o bem), mas pelo favor divino que é concedido a quem aceita o sacrifício vicário de Cristo e sua ressurreição. Também não há transmigração de almas (reencarnação) no cristianismo. E embora as doutrinas pagãs da imortalidade da alma e da existência em um mundo dos mortos (leia-se inferno) tenham infectado a religião cristã, a Bíblia também não afirma essas crenças. 

A doutrina bíblica diz: todos morrem e perdem a consciência. A vida volta para Deus, o corpo estraga na terra. Mas para quem depositou sua fé no sacrifício de Jesus e procurou viver segundo seu exemplo, haverá uma ressurreição corporal, tal como a que ocorreu com Cristo. Assim, a morte e a ressurreição de Cristo resumem todo o plano de Deus e seu interesse em salvar o ser humano da morte eterna. Não há precedentes desse plano e desse interesse na mitologia egípcia, grega ou hindu.

O que devemos manter em mente aqui é que o simples fato do deus Hórus ter ressuscitado não é suficiente para compará-lo a Jesus. Por exemplo, eu, Davi, nasci no dia primeiro de agosto de 1993, às 9h da manhã. Este fato consta na minha certidão de nascimento. Mas o simples fato de eu ter nascido nessa data e hora não é suficiente para dizer que qualquer certidão que contenha essa mesma data e hora seja uma mera cópia da minha certidão. É óbvio que outras pessoas pelo mundo também nasceram quando eu nasci. Elas têm outros nomes, outros pais, outra família e outras características. Ignorar tantas outras diferenças substanciais, a fim de igualar nossas certidões seria absurdo, pra não dizer idiota. O mesmo se dá no que diz respeito à ressurreição.

As diferenças continuam com Átis e Krishna. Átis se matou por desgosto. Não pretendia ressuscitar e nem tinha esse poder. Quem o faz ressurgir é a deusa Cibele, que o havia enlouquecido. Em algumas versões, ele ressurge como uma árvore e, em outras, como um ser esquisito que só conseguia movimentar um dedo. Ambas as ressurreições se assemelham muito mais à reencarnação, onde o morto retorna como outro ser, do que à ressurreição bíblica.

Krishna, após ser acertado por uma flecha pelo caçador Java, sobe para a morada celestial. Em algumas versões, o caçador vai até Krishna e pede perdão por acertá-lo, ao que o deus hindu responde que não havia problema, pois em uma encarnação passada, ele (Krishna) havia matado o caçador Java (que se chamava Vali) e agora Java podia se vingar de sua morte passada. Outras versões ainda enfatizam que Krishna é inteiramente espiritual e que apenas se diverte vindo a terra com aparência física. Assim, Krishna não nasceria nem morreria fisicamente, mas apenas pareceria nascer e morrer.

Mais uma vez não há aqui nada que se pareça com a ressurreição de Cristo. Não há, em nenhuma dessas mitologias, um deus que definitivamente apresenta um plano de salvação e redenção da humanidade pré-estabelecido, no qual sua morte já é conhecida por ele e no qual sua ressurreição é um retorno à mesma vida, ao mesmo mundo e ao mesmo corpo físico (embora restaurado), sendo este um evento único e de importância crucial para a ressurreição do ser humano.

Bem, quanto à ressurreição três dias depois, isso não existe em nenhum registro antigo dos deuses pagãos. Isso é apenas reflexo da própria influência do cristianismo no terceiro e quarto século, sobretudo, após a conversão de Constantino. Muitos rituais do paganismo passaram a agregar elementos cristãos. Por exemplo, a ressurreição de Átis se populariza como um ritual de comemoração após o ano 150 d.C. E é após o ano 300 que surge a tradição de se enterrar a árvore que representava Átis e retirá-la à noite para que pela manhã fosse comemorado o “túmulo vazio” e a “ressurreição”. É baseado nesse tipo de descrições tardias, repletas de sincretismos evidentes, que o documentário apóia muitos de seus argumentos.

Outras comparações:

Zeitgeist não pára por aí. Ao terminar de detalhar esses paralelos principais, o documentário ainda menciona de maneira bem rápida alguns outros e depois afirma com as seguintes palavras: “O que importa salientar é que existiram inúmeros salvadores que preenchem essas mesmas características”. E então aparece no vídeo uma lista com dezenas de nomes. Eu fiz questão de pausar o vídeo e anotar cada um dos nomes. Entre eles, se destacam Buda (Sidarta Gautama), Odin, Thor, Baal e Tamuz.

Uma pesquisa rápida sobre esses cinco personagens revelam fatos interessantes para o nosso estudo. Buda não foi um salvador, pois o budismo não apresenta qualquer doutrina de salvação. Para o budismo, sequer existe o conceito de um Deus ou de deuses, mas sim o de um universo ateísta revestido de um sentido espiritual. A encarnação é um pilar do budismo, o que já torna desnecessário qualquer doutrina de salvação. 

Buda também não nasceu de uma virgem. Maya, a mãe de dele, era casada com Suddhodana, seu pai, e ele nasceu como uma criança normal. Buda não começou seu ministério com 30 anos, mas com 29 (puxa vida!). Buda não tinha doze discípulos, mas apenas cinco. Buda não foi batizado. Buda não era um deus. Buda não morreu na cruz e também não ressuscitou quando morreu. Ele morreu com oitenta anos e seu corpo foi cremado por seus amigos, à pedido de Ananda, seu discípulo favorito.

Odin e Thor são deuses nórdicos. Odin não é filho de uma virgem, mas procede da união dos deuses Borr e Bestla. Thor é filho de Odin com a deusa Jord. Ambos são deuses guerreiros e não “salvadores da humanidade”. Em uma luta épica contra deuses maus, Thor morre tentando matar uma serpente gigante e Odin é morto e devorado por um lobo de nome Fenrir. Não há crucificação nos relatos.

Baal foi um deus adorado por cananeus, filisteus, sumérios e acádios. Também foi chamado de Adad, Sin, Ishtar e Shamash. Ele era o deus da fertilidade, de maneira que seus sacerdotes e sacerdotizas costumavam ter relações sexuais dentro do templo como parte do culto. Pouco se sabe sobre a história desse deus, mas um fato curioso é que a adoração desse deus era comum nas imediações de Israel, o que diversas vezes fez com que os alguns israelitas se desviassem, adorando-o também. Por isso, sua adoração é condenada em diversas passagens da Bíblia.

Tamuz foi um deus de origem síria, que posteriormente foi adotado na Grécia com o nome de Adônis. Ele era um deus da colheita que representava todo o ciclo de vegetação e as estações do ano. Ao ser acoplado pela mitologia grega, sua história foi incrementada. Segundo esta, Adônis nasceu de uma relação incestuosa entre um rei de nome Cíniras e sua filha Mirra (ou seja, ele não nasceu de uma virgem e, na mitologia grega, não era nem um deus). Tendo um caso com a deusa Afrodite, Adônis foi morto por Ares, deus da guerra, que era outro amante de Afrodite.

Indo para o mundo dos mortos, Adônis tem um caso com a deusa Perséfone, que era esposa de Hades, deus dos mortos. A partir daí, Afrodite e Perséfone disputam entre si o rapaz. A disputa tem fim quando Zeus intervém e estabelece que Adônis ficaria em parte do ano com Afrodite e em outra parte com Perséfone. Assim, no inverno, Adônis descia para o mundo dos mortos para ficar com Perséfone e na primavera ele subia para ficar com Afrodite (o ciclo de vegetação e estações, lembra?). 

Fato curioso é que a Bíblia também cita a adoração ao deus Tamuz, no Antigo Testamento, e a condena da mesma forma como faz com a adoração ao deus Baal. Isso é curioso, já que o documentário afirma que todos esses deuses foram copiados. De fato, as religiões pagãs acoplavam os deuses de outras religiões, mas não é isso que se vê na Bíblia, quando outros deuses são citados. Nenhum deus pagão é acoplado à Bíblia e a adoração a eles não é permitida.

Mas, enfim, como o leitor pode perceber, nenhum desses personagens pode ser chamado de “salvador da humanidade”. Nenhum deles nasceu de uma virgem. Nenhum deles sabia quando e como iria morrer. Nenhum deles foi crucificado. Nenhum deles ressuscitou no terceiro dia. Nenhum deles salvou a humanidade. A enorme lista é posta no vídeo apenas para enganar gente imbecil. 

Bem, o documentário ainda faz muitas outras alegações estapafúrdias que irei refutar nas próximas postagens. Por hora, a gente fica por aqui. Espero não ter deixado nenhuma alegação de fora de nossas análises. Na continuação da série, vamos continuar destrinhando Zeitgeist.
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Bibliografia:
1. Groger, Renato. Osíris e Hórus: Protótipos do Jesus da fé? -Artigo presente no seguinte link:
2. Craig, William Lane. Jesus e a mitologia pagã - Artigo presente no seguinte link:
3. Garner, Marina. Jesus Cristo: um plágio? - Artigo presente no link:

http://www.perguntas.criacionismo.com.br/2010/06/jesus-um-plagio.html

4. Born, Guilherme. Jesus: um plágio? - Artigo presente no link:

http://www.dc.golgota.org/estudos/plagio.html

5. J. P. Holding. Andando como um Egípcio - Artigo presente no link:
6. Rodrigues, Zwinglio Alves. O Cristianismo e as Religiões de Mistérios Pagãs - Artigo presente no link:
7. Nash, Ronald. O Novo Testamento foi influenciado pelas religiões pagãs? - Artigo presente no link:
8. Mitologia egípcia. O Livro dos Mortos. Presente no link:
http://www.4shared.com/office/6mHXxVeg/O_Livro_dos_Mortos__Papiro_de_.html
9. Mitologia egípcia. Textos da Pirâmide. Presente no link:
10. Mitologia egípcia. Textos do Sarcófago. Presente no link;
11. Homero. Ilíada. Presente no link:
12. Homero. Odisséia. Presente no link:
13. Hesíodo. Teogonia. Presente no link:
14. Hesíodo. O Trabalho e os Dias. Presente no link:
15. Wikipédia
16. Moraes, José Geraldo de. Caminhos das Civilizações. São Paulo: Editora Atual, 1993.
17. Cáceres, Florival. História Geral. São Paulo: Moderna, 1996.
18. Burns, Edward McNall. História da Civilização Ocidental. Porto Alegre: Editora Globo, 1978.
19. Costa, Flávio Moreira da. Os Grandes Contos Populares do Mundo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.

17 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Zeitgeist distorceu os fatos, e vc nesse texto, distorceu Zeitgeist. Vc convenientemente só mostra os erros. Vai dizer que o Zeitgeist manipulou o universo tbm, pra mostrar tantas coincidências entre ele e as religiões? Zeitgeist traça interessantes paralelos entre religiões e astronomia.

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  3. http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-outras-figuras-religiosas-foram-crucificadas

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  4. Pq vc não explicou o fato de dionisio transformar agua em vinho? Isso prova q jesus é cópia de outros deuses .

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  5. Eu não sou cristão e não acredito em Deus, porém, eu sei que Jesus de Nazaré é fato histórico, era messias e foi crucificado.
    Mesmo não sendo a favor do cristianismo, acho q não dá pra sair acreditando em tudo o que é contra o próprio, e realmente, esse documentário me pareceu muito suspeito.

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  6. Hahaha a sua análise parte da suposição que Jesus, Bíblia e Deus são tomados como verdade, como se fossem fatos históricos e reais e não permitindo colocá-los a prova. Enquanto a humanidade continuar a acreditar em coisas que não existem, a perspectiva de futuro sempre será limitada.

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  7. Prezado Kennedy Souza,

    Aconselho você a ler outros dois artigos meus: "Afinal quem foi Jesus - Parte 1: Um Mito?" e "Argumento da Ressurreição". Esses textos mostram evidências históricas de que Jesus existiu e que foi quem a Bíblia diz ser. Seguem os links:

    http://mundoanalista.blogspot.com.br/2012/11/afinal-quem-foi-jesus-parte-1-um-mito_1537.html

    http://mundoanalista.blogspot.com.br/2012/10/serie-argumentos-para-existencia-de_31.html

    Abraços.

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  8. Bom dia.

    O Artigo ilustra uma série de duvidas que tive ao assistir Zeitgeist, e ao ouvir no documentário, comparações forçosas da passagem de Jesus, com outros Deuses mais antigos; Tais como propósitos, vida e obra. Mas mesmo acreditando na procedência e história de Jesus Cristo e consequentemente, cristianismo, frequentemente me questiono a respeito. E em Zeitgeist, pude extrair coisas interessantes, tais como:
    - A concepção de Bem e Mau: Do decorrer da História e das manifestações religiosas, sempre houve um eterno conflito entre bem e mau, (Zeus x Hades, Deus x Diabo, Oziris x Seth ... etc), e uma das alegações citadas no documentário, é a crença egípcia (Universal), de que o sol, e consequentemente o dia, representa o Bem, por trazer calor, luz etc.., já a Noite representa o Mal, por trazer criaturas, o frio, a escuridão. Partindo desse pressuposto, será que não podemos afirmar que as crenças se deram a partir destas concepções ?. Até pelo fato das lutas entre Bem e Mal nunca terem fim ?.
    - Mitos históricos: Com base nisso, e no Antropocentrismo, a vários exemplos de mitos sustentados pelo exagero característico, houve Hércules na Grécia (Com fabulas e passagens repletas de aventura e sangue), Thor (Representando o domínio, a força). E principalmente na Grécia observamos a distorção dos mitos, de maneira, a tornar a história mais interessante.

    Assim me pegunto, a história de Jesus, consiste no que atualmente conhecemos. Jesus caminhou sobre águas, efetuou milagres; Ou simplesmente foi um homem, (concebido de maneiras desconhecidas), que foi morto por pregar a paz em uma época de ascensão dos interesses econômicos. Não sera este um caso de distorção e manipulação exagerada. Vimos com Gandhi e Mandela, por exemplo, que não é necessário executar milagres sobrenaturais, para que marcássemos a humanidade.
    Enfim minha opinião é empírica baseada em percepções, vejo a Bíblia, como um livro, com uma clara intenção; Dar um grande exemplo e disseminar uma doutrina.
    Agradecido

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    1. Prezado Alan,

      Vamos imaginar por um momento que o cristianismo está correto e tudo o que a Bíblia diz é verdade. Ora, a Bíblia testifica que existia no principio um monoteísmo primitivo, uma religião original que era compartilhada pelos primeiros homens. Ou seja, os primeiros detinham a verdade. Mas com o passar do tempo essa religião original foi se deturpando, sendo distorcida por diversos grupos, dando origem a outras religiões cada vez mais distintas.
      Se isso ocorreu mesmo (e há indícios históricos desse processo) é de se esperar que todas as religiões tenham alguns pontos em comum. Afinal, elas descendem de uma mesma religião original. Então, o fato de haver semelhanças entre as religiões não indica necessariamente que o cristianismo é uma cópia. Na verdade, essas semelhanças são exatamente o que se espera se realmente existiu uma religião verdadeira original, da qual surgiram todas as outras.
      Quanto às semelhanças de simbologias como a de o sol representar o bem e a escuridão representar o mal, isso também não quer dizer muita coisa. É natural que esses símbolos sejam compartilhados pelas pessoas, porque é inevitável que eles surjam. Em qualquer lugar do mundo e em qualquer tempo, a escuridão sempre traz mais perigo e medo que o dia e o dia, por sua vez, traz mais segurança. Compará-los, pois ao bem e ao mal é algo que sempre ocorrerá em qualquer civilização. Basear-se nisso para dizer que o cristianismo é uma cópia de outras religiões é uma base muito frágil.

      Quanto a suposição de Cristo ser um mito embelezado ou criado, isso é uma tolice em termos de metodologia histórica. Em primeiro lugar porque o cristianismo é uma religião de fatos bem comprovados historicamente. Escrevi sobre isso no texto: "Cristianismo: uma religião de fatos" (http://mundoanalista.blogspot.com.br/2014/12/cristianismo-uma-religao-de-fatos.html).

      Em segundo lugar porque não há ninguém que poderia ter interesse em criar a história de Cristo como a conhecemos hoje. Os judeus não acreditavam num Messias que morreria numa cruz. Isso jamais passaria na cabeça de um judeu do primeiro século. A ideia geral era que o Messias seria um líder militar que tomaria Israel das mãos dos romanos e se tornaria rei. A morte de Jesus, portanto, daria aos judeus a certeza absoluta que ele NÃO era o Messias. Os judeus também não acreditavam que alguém poderia ressuscitar com o novo corpo glorioso e imortal antes do dia final, quando todos os judeus seriam ressurretos. Então, a morte e ressurreição de Jesus são coisas que jamais poderiam ter sido inventadas pela mente de um judeu do primeiro século. É algo totalmente inimaginável e incompatível com o que se cria na época.

      Os romanos, por sua vez, não gostavam de judeus, eram politeístas e eram devassos. E seus deuses se destacavam por serem imponentes. Eles jamais criariam uma história em que o Salvador do mundo era um judeu, que pregava o monoteísmo e a boa conduta sexual e que morria numa cruz como um delinquente. É uma história ridícula. Não cabe na cabeça de um romano. Ela está além de toda a possibilidade de ser mera invenção ou embelezamento.

      Finalmente, se Jesus tivesse apenas pregado a paz e o amor ao próximo, não seria diferente de muitos outros profetas e grandes homens que surgiram em Israel ao longo dos séculos. Não justificaria a fama que ele conseguiu e a disposição de seus primeiros seguidores, desde o início, de sofrerem e morrerem para sustentar que ele ressuscitou. Essas coisas só fazem sentido se, de fato, Jesus Cristo tiver morrido na cruz e ressuscitado, conforme contam os evangelhos.

      P.S.: Esse texto é o primeiro de uma série de cinco textos. Você leu todos? Acompanhe no índice:

      http://mundoanalista.blogspot.com.br/2013/01/as-postagens-do-blog-indice_24.html

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    2. Davi, pelo modo como escreve me parece inteligente demais para ser tão ingênuo.
      É óbvio que o Império romano não inventou o cristianismo.
      Mas foi do interesse dele sim, não criar, mas selecionar os livros que entrariam na Bíblia.
      O Cristianismo nasceu como superstição do povão. Quando o Império Romano viu que era mais jogo patrocionar essa farsa do que perserguir, resolveu selecionar os textos sagrados para os cristãos. Segue alguns da seleção:

      - Bem aventurados os mansos, pacificadores, os que sofrem, etc... (Mt 5)
      - Dai a cesar o que é de cesar (Mt 22:21)
      - Toda autoridade foi estabelecida por Deus (Rm 13:1,2)
      - Orai pelos governantes para termos uma vida tranquila (I Tim 2:2)
      - Sujeitai-vos a toda autoridade, poir o governante é servo de Deus para punir quem pratica o mal (I Pe 2:14)
      - Vós, escravos, sede obedientes com todo o respeito aos vossos senhores, não só aos bons e compreensivos, mas também aos severos. Pois é meritório suportar contrariedades em atenção a Deus, sofrendo injustamente. (I Tim 6:1,2)

      Só uma pessoa muito ingênua acreditaria que essa seleção do cânon foi de inspiração divina e não mero oportunismo romano para continuar dominando, subjugando, cobrando altos impostos sem o questionamento do povo.

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    3. Caro Rafael,

      Legal, você bolou uma teoria e mostrou alguns textos que poderiam ser indícios dela. Agora, é preciso provar que sua teoria está certa. Afirmações, por si só, não provam nada. Quais são as provas de que realmente o Império Romano selecionou os livros que queria e montou toda a história básica de Jesus (incluindo aí seu país de origem, seu nascimento, seus discipulos, seus três anos de ministério, sua morte, ressurreição e ascensão)?

      Cordialmente,

      Davi Caldas.

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  9. Caro Davi

    Entendo perfeitamente a não veracidade das informações à respeito da vida de Jesus em relação à outras figuras mitológicas. Porém, uma coisa não me sai da mente...os paralelos astrológicos. Faz sentido?
    Como , por exemplo, a destruição do bezerro de ouro por Moises representando o final da era de touro, a era de peixes representando a era de Jesus; questões referentes ao solstício e equinócio, entre outros.

    Desde já agradeço

    Gilberto Sogabe

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  10. Para o Império Romano era tão importante e útil criar o cristianismo que, não obstante, matou, perseguiu e flagelou milhares de cristãos - desde a ralé até a mais alta nobreza romana.

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