sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Jesus e o judaísmo

Erra quem pensa que Jesus veio ao mundo para consertar o judaísmo ou fundar uma nova religião (uso a palavra "religião" aqui como simplesmente um "conjunto de crenças e práticas de cunho espiritual"). Não havia nada de errado com o judaísmo. Afinal, de contas foi o próprio Jesus que o criou. Suas leis e doutrinas estavam todas corretas. 

O que Jesus veio fazer na terra foi, em primeiro lugar, se sacrificar pelo ser humano, a fim de que qualquer pessoa pudesse alcançar a salvação por meio dele. Esse foi o objetivo supremo. Isso era o que faltava ao ser humano. Em segundo lugar, Jesus veio para consertar as interpretações que os mestres judeus estavam fazendo dentro do judaísmo. Não era o judaísmo que precisava de reforma ou substituição, mas as interpretações que faziam das Sagradas Escrituras. Estas sim, estavam distorcidas, desprovidas de sua base fundamental, que é o amor.

Erra também quem pensa que as interpretações de Jesus sobre as Escrituras eram novas e que quebravam preceitos do Antigo Testamento. Nada disso. As interpretações feitas por Jesus eram velhas; velhas e óbvias. Elas eram as interpretações corretas que sempre existiram, mas que foram esquecidas pelos grandes mestres. O que Jesus fez foi apenas trazê-las de novo à tona, desenterrá-las do cemitério que os escribas, fariseus e rabinos haviam criado para as verdades bíblicas.

O que se sucedeu daí foi um judaísmo de volta aos eixos, com as interpretações corretas e a convicção de que o Messias esperado era Jesus.

O problema é que boa parte dos judeus não aceitou esse judaísmo pleno, antes, apegou-se às interpretações errôneas e rejeitou o Messias. Daí o judaísmo verdadeiro, mostrado por Jesus, passou a ser entendido como uma outra religião, a qual foi chamada de cristianismo. E na medida em que os cristãos foram se entendendo como não judeus, o cristianismo foi jogando fora algumas crenças e doutrinas bíblicas por entender que elas eram coisas do passado.

O apóstolo João, prevendo isso, fez questão de mencionar no Apocalipse 2:9:

"Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás".

E também em Apocalipse 3:9:

"Farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos seus pés e conhecer que eu te amei".

Quando João escreveu isso, os cristãos já eram chamados de cristãos há mais de cinquenta anos. E a separação entre cristãos e judeus também já tinha décadas. Mas o apóstolo utilizou a expressão "judeus" para se referir aos cristãos e "Sinagoga" para se referir ao lugar de culto. A mensagem é óbvia: os cristãos não deveriam esquecer as suas origens, pois isso os faria passar por cima de suas próprias Escrituras Sagradas, como muitos já estavam fazendo.

Ele avisou. Poucos ouviram. Deu no que deu.

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