quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Maridos, amai vossa esposa (ou: como o marido cristão deve agir, segundo a Bíblia)

Algo que muito me impressiona é a capacidade cada vez maior que as pessoas tem de se tornarem idiotas. Ainda há pouco, vi uma imagem, um desenho, onde uma mulher ajoelhada diante de uma cama servia um lanche para seu marido, este relaxado sobre o leito e com uma expressão de prazer. Havia uma legenda na imagem que dizia: "Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos" (Efésios 5:22).

Trata-se de uma citação bíblica. O intuito da imagem é óbvio: levar-nos a crer que a Bíblia endossa e incentiva o marido a explorar, oprimir, maltratar e humilhar a esposa.

A imbecilidade que reside nessa tentativa estapafúrdia de denegrir a Bíblia me causa extrema irritação. Para começar, o cidadão que formulou a imagem não se deu, sequer ao trabalho de ler todo o texto que citou. Se o tivesse feito, perceberia que há alguma coisa errada na sua interpretação da Bíblia. a continuação do texto diz:

"Maridos, amai a vossa mulher, como também Cristo amou a sua Igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado com a lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a Igreja; porque somos membros de seu corpo. Eis porque deixará o homem pai e mãe se unirá à mulher, e se tornarão os dois uma só carne" (Efésios 5:25-31).

Então, perceba que o texto estabelece para o marido um altíssimo padrão de amor para oferecer a esposa: o homem deveria amá-la tanto quanto Cristo amou a Igreja se entregando à morte por ela e também tanto quanto ele amava a si mesmo.

Pergunto: se um homem tiver esse tipo de amor, a cena acima, que expressa opressão e humilhação, vai ocorrer? Aliás, eu devo lembrar aos idiotas que aceitaram acriticamente o argumento do autor da imagem que o Cristo que morreu pela Igreja é o mesmo Cristo lavou os pés dos seus discípulos em atitude de humildade. Ou seja, ele lavou os pés de seus submissos. E depois morreu por eles.

A imagem, portanto, poderia ser a seguinte: um marido lavando gentilmente os pés de sua esposa e a legenda: "Maridos, amai a sua esposa, como também Cristo amou a sua Igreja".

Em Colossenses 3:19, o mesmo apóstolo Paulo que escreveu a a essa carta aos Efésios afirma: "Maridos, amai vossa esposa e não a trateis com amargura".

Esses textos, a anta que produziu a imagem não deve conhecer. Ou então conhece e, nesse caso, é um tremendo desonesto.

Agora, vamos entender o que a Bíblia quer dizer com submissão. Primeiramente, levemos a coisa para o contexto da época. Quem trabalhava fora para comprar comida e roupas para casa? O homem. Quem era convocado para guerra? O homem. Quem era responsável por proteger a família de ataques, assaltos, invasões e etc.? O homem. Quem introduzia o filho na vida de trabalho, ensinando-o um ofício para que o mesmo se tornasse alguém valoroso e pudesse ajudar em casa? O homem. Quem cuidava para que a filha tivesse um bom casamento, que lhe rendesse felicidade e estabilidade financeira? O homem. Quem precisava manter uma imagem de forte e durão para proteger a família e se impor diante de homens sem caráter? O homem. Quem era o sacerdote da casa, incumbido de manter todos nos preceitos de Deus? O homem. Em outras palavras, o homem era o gestor da casa. Quando a Bíblia fala em sujeição ou submissão da esposa, está simplesmente dizendo que a esposa deveria respeitar e se deixar guiar pelo homem nessas questões de gerência, já que essa parte cabia a ele. É só isso.

E qual era o papel da mulher na equação toda? Ela era a auxiliadora, aquela que daria a ele força, ânimo, coragem, ideias e conselhos. Jamais foi ideia de Deus transformar a relação conjugal em uma relação opressor x oprimido.

Se a questão da sujeição é válida ainda hoje? Alguns diriam que não. Hoje a mulher trabalha e o contexto é bem diferente. Mas a Bíblia não parece vincular a questão da sujeição/submissão apenas ao contexto. E é este o segundo ponto da nossa análise. A Bíblia dá ao homem uma tarefa de proteger e guiar a mulher e a família. Por quê? Talvez porque seja do agrado de Deus que o homem seja o braço protetor da mulher, o guia, aquele que a deixa segura e que caminha à frente da família.

Que todos precisam de líderes, isso é fato. E Deus parece ter encarregado o homem desta missão. Não que isso signifique que o líder seja mais importante que os liderados, ou que fará as coisas sem consultar aqueles que estão sob sua responsabilidade. Gosto de usar a analogia do grupo de escola. Quando alguns alunos se reúnem para fazer um trabalho, todos ali devem, pelo menos em tese, trabalhar juntos, ouvindo as ideias uns dos outros, ajudando-se mutuamente, dando e ouvindo conselhos, e fazendo as tarefas de modo equitativo. Mas, geralmente, há um aluno que se destaca na orientação e distribuição de tarefas. Esse é um aluno líder e, não raro, o grupo leva muito em conta as suas palavras e esperam que ele guie o grupo e dê a última palavra. Por mais que todos participem. Aparentemente, é isso o que Deus deseja do homem.

Uma coisa é certa: o gênero masculino, biologicamente, é mais forte fisicamente e menos sentimental. O gênero feminino, biologicamente, é mais detalhista e ligado às emoções. É por isso que historicamente os homens assumiram as tarefas de trabalhar fora, de lutar fisicamente e de gerir as questões econômicas, ao passo que as mulheres assumiram as funções da gerência da casa e da criação dos filhos. É óbvio que uma mulher é perfeitamente capaz de trabalhar fora e um homem é perfeitamente capaz de cuidar da casa e dos filhos. Tudo é uma questão de hábito (e da disposição do indivíduo). E não há nada de errado nisso. Na Bíblia, inclusive, há exemplo até de mulher que foi Juíza Geral de Israel (algo como uma primeira-ministra hoje). Mas as inerências biológicas supracitadas existem e, por isso, essa divisão de tarefas (mulher em casa e homem fora) foi majoritária durante a história e sempre será a mais natural (o que não quer dizer que variações sejam erradas, enfatizo novamente)

Em suma, o que deve ficar claro é que, para a Bíblia, o marido, mesmo ocupando posição de líder da família e da casa, deveria tratar a esposa com amor e respeito. A tal sujeição ou submissão feminina jamais foi um sinônimo de humilhação, opressão e exploração. Se isso ocorreu, na prática, não foi por incentivo ou ordenança bíblica, mas pela própria maldade no coração dos seres humanos. Qualquer um que tenha um pouquinho de conhecimento e honestidade é capaz de perceber isso.

Aliás, não há nada de mal em ser submisso. Todos nós devemos submissão à pessoas. Devemos submissão ao nosso pai e a nossa mãe. Ao nosso avô e a nossa avó. Aos nossos professores. Ao nosso pastor. Aos anciãos de nossa igreja. Ao nosso patrão. Aos nossos governantes. E, acima de tudo, a Deus. Jesus mesmo, quando na terra, foi submisso a todos estes, mostrando-nos que não se trata de algo vergonhoso. 

E para o bom líder, a posição de líder jamais significará liberdade para tratar mal. Jesus, como líder de seus discípulos, mostrou-se humilde o suficiente para lavar-lhes os pés. Mais que isso: como Senhor do Universo, mostrou-se humilde o suficiente para vir a Terra como homem, andar entre pecadores, sofrer e, o mais impressionante de tudo, morrer por nós. Nós, os submissos. Pois é este o exemplo de liderança que Jesus nos deixa. Ser submisso a quem lava seus pés e morre por você não é um fardo, no fim das contas.

A dica que fica aqui é a seguinte: antes de sair por aí dizendo besteira sobre a Bíblia, leia a Bíblia e a estude de capa a capa. Há muita coisa nela que você certamente não conhece. Não dê uma de idiota. A idiotice também é um pecado. E é um pecado grave.

Termino deixando uma imagem que montei agora. Acredito que ela expressa bem a postura que Deus deseja que os maridos tenham para com sua esposa: uma postura de amor, tal como ele teve pela Igreja.


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