quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Sobre o cavalheirismo

Resolvi consultar a palavra “cavalheiro” em um dicionário de Língua Portuguesa, a fim de escrever um texto sobre o assunto. Segundo o conceituado dicionário Aurélio, cavalheiro é um “homem de sentimentos e ações nobres” ou ainda um “homem de educação esmerada”. Para entender mais a fundo, resolvi procurar pelos vocábulos “nobre” e “esmerada”. Nobre, para os fins de nossa reflexão, quer dizer “elevado, sublime, generoso”. E esmerada é uma qualidade de quem tem esmero, que significa “cuidado especial em um serviço”. 

Deste modo, entendi que um genuíno cavalheiro é o homem de sentimentos e ações elevadas, sublimes e generosas e que cultiva a educação com cuidado especial.

Contudo, não fiquei satisfeito. Afinal, ainda há uma palavra em nossa definição que precisa ser mais bem compreendida. Trata-se de “educação”. O que isso significa? Resolvi procurá-la também e me deparei com o seguinte: “Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano” e ainda “civilidade, polidez”. O termo “civilidade”, por sua vez, significa “conjunto de formalidades observadas pelos cidadãos entre si em sinal de respeito mútuo e consideração”. E a palavra “polidez” é relativa a ser “atencioso e cortês”. “Cortês”, de cortesia, significa ser “delicado e amável”.

Tendo essas definições em mãos, compreendi que um genuíno cavalheiro é o homem de sentimentos e ações elevadas, sublimes e generosas que cultiva em si mesmo, com cuidado especial, o desenvolvimento das capacidades física, mental e moral, e observa com apreço o respeito mútuo e a consideração pelo próximo, buscando ser atencioso, cortês, delicado e amável. Em inglês, este é o “gentleman”, o homem gentil.

Ser cavalheiro evidentemente ultrapassa o limite da cordialidade para com a mulher. As virtudes de um cavalheiro devem estender-se para todos os indivíduos a volta, o que inclui outros homens. Contudo, o cavalheirismo geralmente é relacionado ao tratamento dispensado ao sexo feminino. Por que isso ocorre? É simples. A mulher, como gênero, apresenta um conjunto de inerências biológicas (geralmente refletidas em cada uma delas) que as fazem mais emotivas, delicadas, amáveis, carinhosas, sensíveis, detalhistas, perfeccionistas, caridosas e, no nível físico, frágeis. O homem, por sua vez, tende a ser mais bruto, insensível, desatento a detalhes e, no nível físico, mais forte. Em um mundo perfeito, essas diferenças não gerariam problemas, mas complementação. A verdade é que homens e mulheres foram projetados para se complementarem. Daí a maioria dos indivíduos sentir vontade de se casar. Isso transcende o simples instinto sexual, pois o casamento não é a união sexual apenas, mas a união de duas individualidades da forma mais completa que existe.

Não obstante, em um mundo que se tornou imperfeito, essas diferenças entre homens e mulheres tendem a ser corrompidas pela imperfeição natural. E, ao dar vazão a essa corrupção, a espécie humana obviamente criar um cenário no qual o gênero mais forte e bruto procura dominar sobre o gênero mais frágil e delicado. Pois é essa a tendência que domina o nosso mundo há séculos. E é por isso que o cavalheirismo é mais identificado com o tratamento do homem às mulheres.

É mais fácil ser cordial e atencioso com quem pode falar grosso com você e cortar-lhe a cabeça com um machado, do que com alguém que não representa qualquer perigo ou temor para a sua integridade física e psicológica. Desta forma, o homem que escolhe ser cavalheiro com as mulheres demonstra um nível muito maior de cavalheirismo, pois neutraliza sua brutalidade e força, buscando ser mais sensível e detalhista para com alguém frágil, que não lhe oferece riscos ou temor.

Contudo, mais cavalheiro ainda é o homem que escolhe ser cavalheiro para com as mulheres que compõem a sua vida, isto é, sua mãe, sua esposa (ou pretendida) e suas filhas. Para ser mais exato, este é o verdadeiro cavalheiro, o cavalheiro pleno, o gentleman real. Porque é fácil ser cavalheiro apenas na frente da sociedade, para manter a boa aparência ou para conseguir uma esposa. Mas tal como a bondade inquestionável é aquela que ocorre quando a sociedade não está vendo, o cavalheirismo inquestionável é aquele que ocorre quando dentro de casa, dentro da família. O homem que é cavalheiro com sua mãe, sua esposa e suas filhas, este entendeu o que realmente é cavalheirismo.

Mas até agora só falamos do tratamento do cavalheiro para com os demais. Há ainda um aspecto muito importante do cavalheirismo que não deve ser esquecido: o tratamento de si mesmo. O ser humano foi constituído com incríveis potencialidades. Potencialidade são dons, aptidões e capacidades que podem ser desenvolvidas, isto é, podem se tornar realidades. Isso não apenas se refere ao indivíduo e seus dons naturais, mas a espécie humana como um todo e suas capacidades gerais. A questão aqui tem a ver com educação no sentido já mencionado de buscar desenvolver suas áreas física, mental e espiritual.

O cavalheiro pleno é o homem que entende que seu ser é uma obra maravilhosa da qual ele necessita cuidar bem. Não apenas por amor a si mesmo, e a quem ele crê que a possibilitou existir (algo que o ateu não tem como fazer), mas a todos os que estão a sua volta, a começar por seus pais, depois seus irmãos, sua família, seus amigos, sua esposa, seus filhos e toda a sociedade. O cavalheiro entende que a elevação de suas virtudes não diz respeito apenas à satisfação própria, mas à satisfação e o bem-estar de todas as pessoas a sua volta. Porque tudo o que nós somos influencia e afeta de alguma forma o nosso círculo de pessoas. E tudo o que influencia e afeta nosso círculo de pessoas, afeta e influencia outros círculos. De modo que quando um homem escolhe ser cavalheiro, sua postura pode vir a afetar pessoas das quais ele jamais conhecerá ou ouvirá falar em sua vida.

O cavalheiro pleno, portanto, deve procurar constantemente por educação. Ele deve se importar com a boa saúde física, abstendo-se de fumo e bebidas e fazendo exercícios; ele deve buscar conhecimento, ter um bom vocabulário, saber se expressar, adquirir cultura, ser capaz de conversar com todo o tipo de pessoas, ter humildade para aprender, paciência para ensinar, ânimo para continuar descobrindo,; valorizar os estudos, amar a leitura, aprender a cozinhar, , aprimorar seus dons; ser justo, amigável, se importar com os mais fracos, respeitar aos mais velhos, usar palavras nobres, responder com amabilidade, pensar no que é puro e reto, não se deixar levar pelos seus instintos naturais vis, estar sempre pronto a reconhecer seus erros,ser intolerante com a maldade, cultivar a fidelidade e a lealdade e saber colocar-se no lugar dos outros antes de julgar ou de fazer algo.

Finalmente, ser cavalheiro não é algo que se conquista uma vez na vida, como um cargo militar ou uma competição esportiva em determinado ano. Não, cavalheirismo é algo que devemos conquistar todos os dias. Ser cavalheiro é esforçar-se constantemente para ser cada dia melhor. A constância nesse esforço conta muito para ser chamado de cavalheiro. A perfeição, infelizmente, não é algo que se possa alcançar nesta terra. Mas para quem é imperfeito, perfeição é não traçar limites para seu desenvolvimento pessoal.

Termino esta postagem com um vídeo muito belo enviado por um amigo, o Darlan. Ele é um cavalheiro que certa vez me pediu para eu escrever algo sobre o cavalheirismo. O vídeo que ele me enviou, inspirou-me para produzir este texto hoje. Segue, portanto, o vídeo. Que os leitores possam tirar suas conclusões.


3 comentários:

  1. Cavalheirismo é a parte do machismo que as mulheres gostam.
    Direitos iguais !

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  2. Os feminismos são deturpações das damices (damismos) e das feminilidades, da mesma forma que os machismos são deturpações das cavalheirices (cavalheirismos) e das masculinidades. Eles são ideologias antibíblicas, inconstitucionais e malignas. Segundo os dicionários dizem, "CAVALHEIRICE" ou "CAVALHEIRISMO" significam "educações, gentilezas ou nobrezas masculinas" e "DAMICE" ou "DAMISMO" significam "educações, gentilezas ou nobrezas femininas". Então, lutemos por nossos direitos constitucionais, pois sem eles sequer não seremos ninguéns perante os Estados.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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