sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A história tradicional de Satanás é bíblica?

Já devem ter uns cinco anos que descobri que alguns cristãos não acreditam na tradicional história que o cristianismo conta sobre a origem de Satanás. Na época, confesso, não dei muita importância ao caso. Mas nos últimos dias ouvi o argumento mais de uma vez, o que me gerou a vontade de redigir um texto sobre o assunto.

A história tradicional nos conta que Satanás era um anjo de Deus, de elevada posição no céu, mas que se tornou orgulhoso e desejou ardentemente ocupar o lugar de Deus e ser adorado como tal. Nesse espírito, incentivou uma rebelião no céu, presumivelmente apontando para Deus como um déspota, um tirano. Ao seu lado ficou a terça parte dos anjos. Deus, em sua onisciência, já sabia aonde aquilo levaria Satanás. Mas se o destruísse naquele momento, daria razão aos anjos para pensarem que Ele é um tirano e Satanás estava certo. Além disso, muitos poderiam permanecer ao lado de Deus por medo a partir dali. Assim, Deus apenas expulsou a ele e seus seguidores, permitindo que o tempo deixasse claro para todo o universo a maldade a que poderiam chegar; só então poderia destruí-los.

Os cristãos que não acreditam nessa história argumentam que ela está toda baseada em dois textos mal interpretados: Isaías 14:12-23 e Ezequiel 28:1-19. Esses cristãos nos dizem que os dois textos nada falam sobre a origem de Satanás, mas apenas sobre dois reis: o da Babilônia e o de Tiro. As duas passagens seriam apenas e simplesmente profecias contra esses reis, que tinham constituído fortes governos, mas se perdido na soberba e na maldade.

Antes de analisar os dois textos, é necessário dizer que o alarde feito por esses cristãos, em sua maioria liberais ou adeptos de teorias da conspiração, é ridículo. Se, de fato, os dois textos não se referirem a Satanás isso pouco altera a história tradicional que conhecemos sobre a sua origem. Afinal, toda a sua história é bastante dedutível através de diversos outros textos. Eu quero convidar o leitor a averiguar isso comigo agora.

Satanás em outros textos bíblicos

- Antigo Testamento

A primeira aparição de Satanás na Bíblia é descrita no capítulo 3 de Gênesis. Ele é citado como uma serpente que engana o primeiro casal de seres humanos do mundo, fazendo-os pecar e introduzindo a imperfeição no mundo. Independentemente de você aceitar a história como literal ou não a uma coisa é lógica: não foi uma serpente que enganou o casal e isso era algo que qualquer israelita da época de Moisés (que escreveu o livro de Gênesis) sabia. Serpentes não falam. Algum ser inteligente estava por trás da serpente. E este ser não era humano, pois no cenário traçado pelo relato não há outros humanos além do casal (eles são os primeiros) e o tal enganador pode falar através de uma serpente.

Embora não seja o assunto, vale notar algo rápido aqui: se a narrativa é literal, não é um ab-surdo que o ser enganador tenha utilizado um animal para conversar com o casal. É fácil para nós hoje, ou mesmo para quem tenha nascido há 5 mil anos atrás, concluir que animais não falam. Contamos não só com a nossa experiência pessoal, mas com o que nos dizem os nossos pais, avós, tios, primos, irmãos mais velhos, amigos, livros, revistas, documentários, trabalhos científicos e etc. Repousamos sobre milênios de observações. Tornou-se para nós uma obviedade que animais não falam. Mas isso certamente não era uma obviedade para o primeiro casal do mundo. Pelo menos não em seus primeiros anos de existência. Quem é que poderia garantir que na vastidão de animais existentes naquele imenso mundo inexplorado, não existia algum que falasse? Muito precisava ser explorado para se chegar a essa conclusão taxativa. Por outro lado, o casal tinha convicção ou, pelo menos, uma forte suspeita, de que eles eram os únicos humanos.  Por quê? Porque eram os primeiros. E porque não faria sentido Deus criar outros em outra parte e não os apresentar.

Mas, como eu disse, esse não é o assunto do texto. A questão principal é: no caso do relato ser literal, é claro que não demorou muito para o casal perceber que animais não podem mesmo falar e que quem os ludibriou foi um ser sobrenatural que se utilizou da serpente. E é claro que desde que a história passou a ser relatada até ser escrita por Moisés todos sabiam desse fato óbvio: a serpente foi apenas um meio. No caso do relato ser simbólico (o que não acredito), a coisa não muda muito. A serpente representa alguém. Mas quem? Quem é esse ser? O livro de Jó nos auxilia a responder essa pergunta. No primeiro capítulo lemos:

“Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles. Então, perguntou o Senhor a Satanás: ‘Donde vens?’. Satanás respondeu ao Senhor: ‘De rodear a terra e passear por ela’” (Jó 1:6-7). Na sequencia, Deus e o Diabo falam sobre Jó, um servo justo de Deus. O Senhor o exalta por ser justo, ao que Satanás afirma ser fácil manter-se justo quando se tem riquezas e saúde. Deus, então, permite que o Diabo retire de Jó estas coisas.

O livro de Jó (sobretudo os dois primeiros capítulos) é extremamente instrutivo. Fazia parte da cultura e da linguagem dos antigos monoteístas descrever Deus como tão poderoso e superior a sua criação a ponto de atribuir-lhe até mesmo coisas ruins. Isso não era feito de maneira acusatória. Entendia-se que sendo Deus soberano, até mesmo o mal que enviasse era justo ou, no mínimo, estava dentro do seu direito. Esta mentalidade provavelmente se iniciou através do pensamento de que nada acontece sem a permissão de Deus. Assim, mesmo que Deus não fosse o agente direito por algum ato, este poderia ser atribuído a Ele por ele ter permitido. Daí a ideia deve ter evoluído até o ponto de entender Deus como envolvido diretamente na maior parte (ou mesmo todas) as coisas que ocorriam.

Durante um tempo Deus deve ter permitido e até incentivado essa mentalidade, a fim de controlar melhor a questão da idolatria. No entanto, visando não permitir que tal mentalidade distorcesse o seu caráter na mente das pessoas, Deus começou a trabalhar a questão de quem faz o quê. O livro de Jó é um esforço no sentido de demonstrar aos homens que o mal não tem origem em Deus (embora Ele permita muitos males por conta do livre arbítrio), mas nesse ser chamado Satanás, que está constantemente monitorando os homens, acusando-os perante Deus e procurando meios para instigá-los à queda.

Ora, não é preciso ser muito inteligente para ligar uma coisa à outra. É óbvio que este ser não humano, poderoso, mal e desejoso de levar humanos a desobedecerem a Deus é o mesmo que se utilizou de uma serpente (ou foi por ela simbolizada) para enganar o primeiro casal. E durante todo o livro de Jó fica claro que o mal que aflige a Jó vem desse ser, tal como em Gênesis todo o mal é introduzido no mundo pela “serpente”.

Mas esse ser age sozinho por toda a terra fazendo tudo quanto é maldade? Se for assim, ele deve ser tão poderoso como Deus não é? Não, não. A Bíblia tem o cuidado de falar sobre isso também, para que tenhamos uma ideia mais clara de quem é Satanás. Nos textos de I Samuel 16:14, I Reis 22:23 e II Crônicas 18:22 lemos sobre a existência de espíritos maus que podiam influenciar as pessoas. E os deuses pagãos eram frequentemente descritos como “demônios”, o que parece indicar que existia certa noção de que, conquanto não existissem outros deuses, existiam espíritos malignos que recebiam a adoração por meio dos falsos deuses. Ademais, a crença em seres espirituais já existia há tempos. Nos cinco primeiros livros da Bíblia já é possível averiguar diversas menções a anjos. Se havia  criaturas espirituais como anjos, poderia haver criaturas espirituais como demônios.

Uma passagem de especial importância para nosso assunto está no capítulo 28 de II Samuel. A passagem relata como então rei Saul, de Israel, transgrediu o mandamento do Senhor, consultando uma médium, a fim de conversar com o já morto profeta Samuel. Isso é proibido pelas Escrituras e por um motivo simples: não dá para conversar com mortos. A tentativa de se fazer isso implica em dar mais importância aos mortos do que a Deus e pode acarretar enganos por parte de Satanás e seus espíritos. É o que o corre nos versos 13 e 14. A médium afirma ver uma figura semelhante a um deus e Saul entende que é o profeta. A passagem faz questão de enfatizar que a visão pela ótica do rei. O rei concluiu que era o profeta. A Bíblia não afirma que era. E não afirma porque não era mesmo. Tratava-se de um engano de Satanás ou algum de seus espíritos. Samuel estava morto. Não podia falar.

Então, o que sabemos até agora? Sabemos que um ser não humano, poderoso e maligno chamado Satanás enganou o primeiro casal do mundo, trazendo o pecado ao homem. Depois disso, este ser passou a rodear a terra com seus espíritos buscando causar desgraças, desviar os homens de Deus e acusá-los perante o Senhor. Isso está tão claro para nós como estava para quem viveu no Israel antigo.

O Antigo Testamento menciona Satanás algumas outras vezes. Uma delas é em uma visão do profeta Zacarias. Lemos o seguinte:
“Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do Anjo do Senhor, e Satanás estava à mão direita dele para lhe opor. Mas o Senhor disse a Satanás: ‘O Senhor te repreende, ó Satanás; sim, o Senhor que escolheu Jerusalém te repreende’” (Zacarias 3:1-2).

Aqui, mais uma vez, a Bíblia apresenta Satanás como um ser que está constantemente fazendo oposição aos homens de Deus. O fato de ele ser citado ao lado de outro ser espiritual enfatiza o seu caráter não humano.

- Novo Testamento

Por enquanto eu só analisei o que podemos saber sobre Satanás através dos registros do Antigo Testamento. Fiz isso porque às menções a Satanás são poucas nessa primeira parte da Bíblia, mas mesmo assim são suficientes para deduzirmos muito. Perceba: a Bíblia descreve Deus como um ser supremo que criou todo o universo e todos os seres vivos. Em suma, Ele é o princípio da existência de todas as coisas. Essa sempre foi a crença dos antigos monoteístas e dos israelitas. Daí conclui-se que Satanás e seus espíritos também foram criados por Deus. No entanto, a Bíblia também fala em um Deus plenamente bom e justo. Desta forma, Ele não os pode ter criado maus. Ora, se Ele não os criou maus, então eles se tornaram maus por escolha própria. Isso é possível? A Bíblia diz que sim de várias maneiras, mas dentre elas, com a própria história da queda da espécie humana.

Tendo escolhido o mal e influenciado o homem a escolher também, Satanás passa a rodear pela terra tentando desviar as pessoas de Deus. No entanto, ele tem acesso ao céu, no qual a outras criaturas espirituais semelhantes a ele, mas boas. Isso é um forte indicio de que num passado remoto, quando Satanás era bom, habitava com algumas dessas criaturas, talvez no céu mesmo.   Provavelmente era um anjo. Presume-se, assim, que teria saído de lá por ter se rebelado. Não é possível saber se foi expulso ou se escolheu apartar-se, levando consigo seus partidários, também anjos rebelados. O fato é: ele é que provavelmente habitava lá, não habita mais, porém aparece em reuniões para acusar o homem.

Conforme o leitor pode ver, essa é a história tradicional sobre a origem do Diabo. Ninguém precisa dos textos de Isaías 14 e Ezequiel 28 para chegar a essas conclusões. Mas não acaba por aí. O Novo Testamento clareia ainda mais a nossa mente sobre o inimigo de Deus. Nessa segunda parte da Bíblia, o Senhor resolve mostrar de vez como que toda a maldade provém de Satanás e seus demônios. Lemos sobre diversas possessões e vemos Jesus falar muito sobre os planos e as estratégias dele. Algumas passagens são muito importantes para o nosso estudo aqui. Por exemplo, a tentação que Jesus passa no deserto. Ela é narrada por três dos quatro evangelistas. Todos eles ressaltam que ao fim dos quarenta dias em jejum, o próprio Satanás apareceu a Jesus para tentá-lo. Uma das tentações é descrita assim:

“E, elevando-o, mostrou-lhe, num momento, todos os reinos do mundo. Disse-lhe o Diabo: ‘Dar-te-ei toda esta autoridade e a glória destes reinos, porque ela me foi entregue, e a dou a quem eu quiser. Portanto, se prostrado me adorares, toda será tua” (Lucas 4:5-7).
A passagem diz muito. Quem criou o mundo foi Deus, mas Satanás havia conseguido domínio introduzindo o pecado no mundo. A missão de Cristo era comprar de volta o mundo através do seu sangue. Mas Satanás ofereceu-lhe um caminho mais simples: eu devolvo o mundo todo para você sem problema. Apenas se prostre e me adore. A proposta é curiosa. Parece indicar uma obsessão de Satanás em querer receber adoração no lugar de Deus. Um texto que parece dar apoio a esta ideia está em II Coríntios 4:3-4, onde Paulo diz:

“Mas se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus”.
O “deus” desse século é, logicamente, uma referência a Satanás, o único ser poderoso e mal o suficiente para cegar o entendimento de todos os incrédulos. É a ele que o mundo adora quando não está em Cristo. Isso é bastante sugestivo.

Em outra passagem, após Jesus enviar seus discípulos para uma missão sem ele, os discípulos retornam felizes afirmando que fizeram grandes coisas e que até os demônios se submetiam ao nome de Jesus e iam embora. Jesus Cristo, então, afirma: “Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago” (Lucas 10:18).

A afirmação é simbólica. Mas seu sentido é claro. Satanás era aquele que frequentemente estava acusando os homens diante de Deus, a fim de demonstrar sua soberania sobre a raça humana. Agora, contudo, os próprios homens expulsavam demônios pelo nome de Jesus. Isso representava uma grande queda para Satanás, tal como se ele estivesse no meio de várias acusações no tribunal celeste e repentinamente um abismo se abrisse e o tragasse, fazendo-o cair velozmente até chegar a terra. Em outras palavras: “Você perdeu o domínio”. Mais uma vez vemos o que vimos no Antigo Testamento sendo confirmado.

Em outro texto, Paulo faz uma afirmação impressionante. Ele diz:

“Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, pois o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras” (II Coríntios 11:13-15).

A comparação feita por Paulo é simples. Homens maus podem fingir-se de homens bons, assim como Satanás, o chefe deles, pode fingir-se de anjo de luz. Aqui homem mal está para homem bom, assim como Satanás está para anjo de luz. Ou seja, Satanás também é anjo. E como anjo, pode fingir ser um anjo de luz. Isso só reforça a ideia de uma revolta no céu. Já sabemos que a diferença entre Satanás e os anjos é que ele escolheu ser mal.

A pequena epístola de Judas vai mais fundo e diz: “[...] e os anjos, os que não guardaram seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, Ele [Deus] tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do Grande Dia” (Judas 7).

O trecho é, em parte, simbólico. É claro que não há nenhum anjo preso em correntes literais em algum local escuro do universo. O sentido é que os tais anjos, por terem escolhido o mal e de maneira irreversível, também estão condenados de maneira irreversível à morte eterna no lago de fogo. Não há como escapar. Por isso estão “acorrentados” e “sob trevas”. A descrição pretende realçar o seu destino inevitável. Não obstante, o texto realmente está se referindo a anjos de Deus que caíram, que deixaram de ser bons. Confirmamos sem sombra de dúvida que houve uma rebelião no céu e que muitos anjos de Deus tornaram-se demônios.

Finalmente, chegamos em Apocalipse. Aqui todo o cenário da rebelião celestial é descrito de modo inquestionável. O trecho diz:

“Viu-se também outro sinal no céu e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas. A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra [...]. Houve peleja no céu. Miguel e seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama Diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra e, com ele, os seus anjos” (Apocalipse 12:3-4 e 7-9).

Perfeito! Exatamente tudo o que aprendemos e deduzimos através de toda a Bíblia é ratificado neste trecho de maneira cristalina. E o texto continua com um hino de vitória:

“Então, ouvi grande voz do céu proclamando: ‘Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade de seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. Eles, pois, o venceram por causa do sangue do cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida. Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o Diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Apocalipse 12:10-12).

Aqui fica claro que o estardalhaço feito por cristãos liberais e teóricos da conspiração sobre a história tradicional de Satanás é ridículo. A Bíblia é claríssima quanto a origem desse ser. Ainda que se prove que Isaías 14 e Ezequiel 28 não se referem a Satanás, isso não muda quase nada do que aprendemos sobre a origem do Diabo. A única coisa que fica obscuro é o motivo pelo qual Satanás teria iniciado a rebelião. Há apenas um indício, baseado em uma das tentações lançadas por Satanás a Jesus e na referência de Paulo a ele como “‘deus’ deste século”, de que sua rebelião teria sido causada por almejar a posição de Deus.

Os textos de Isaías 14 e Ezequiel 28

Tendo analisado os outros textos, podemos expor agora as duas passagens “problemáticas” de Isaías e Ezequiel para começar nossas análises. A começar por Isaías, lemos o seguinte:

“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: ‘Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo’. Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo abismo. Os que te virem te contemplarão, hão de fitar-te e dizer-te: ‘É este o homem que fazia estremecer a terra e tremer os reinos? Que punha o mundo como um deserto e assolava as cidades? Que a seus cativos não deixava ir para a casa?’.

“Todos os reis das nações, sim, todos eles, jazem com honra, cada um, no seu túmulo. Mas tu és lançado fora da tua sepultura, como um renovo bastardo, coberto de mortos traspassados à espada, cujo cadáver desce à cova e é pisado de pedras. Com eles não te reunirás na sepultura, porque destruíste a tua terra e mataste o teu povo; a descendência dos malignos jamais será nomeada. Preparai a matança para os filhos, por causa da maldade de seus pais,para que não se levantem, possuam a terra e encham  a terra de cidades. ‘Levantar-me-ei contra eles’, diz o Senhor dos Exércitos; ‘exterminarei de Babilônia o nome e os sobreviventes, os descendentes e a posteridade’, diz o Senhor. ‘Reduzi-la-ei à possessão de ouriços e lagoas de águas; varrê-la-ei com a vassoura da destruição’, diz o Senhor dos Exércitos” (Is 14:12-23).

Já o texto de Ezequiel nos afirma:

“Veio a mim a palavra do Senhor dizendo: ‘Filho do homem, dize ao Príncipe de Tiro: ‘Assim diz o Senhor Deus: ‘Visto que se eleva o teu coração e dizes: ‘Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento no coração dos mares’, e não passas de homem e não és Deus, ainda que estimas o teu coração como se fora o coração de Deus [...] eis que trarei sobre ti os mais terríveis estrangeiros dentre as nações, os quais desembainharão a espada contra a formosura da tua sabedoria e mancharão o teu resplendor’. [...]

[...] ‘Filho do homem, levanta uma lamentação contra o rei de Tiro e dize-lhe: ‘Assim diz o Senhor Deus: ‘Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos; no dia em que foste criado, foram eles preparados.

‘Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos desde o dia em que foste criado até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras.

‘Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; lancei-te por terra, diante dos reis te pus, para que te contemplem. Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio, profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu, e te reduzi a cinzas sobre a terra, aos olhos de todos os que te contemplam. Todos os que te contemplam entre os povos estão espantados de ti; vens a ser objeto de espanto e jamais subsistirás’” (Ez 28:1-2, 7 e 11-19).

Textos expostos, vamos à análise.

De fato, qualquer pessoa que domine o princípio básico de interpretar textos dentro de seu contexto se sentirá inclinada a concordar: esses textos são mensagens endereçadas a dois reis e seus respectivos reinos: o da Babilônia e o de Tiro. Entretanto, interpretar textos dentro de seu contexto não é o único princípio de interpretação das Escrituras. E embora seja um dos mais usados (e talvez o principal), não pode ser utilizado para ignorar os outros. Uma boa interpretação requer que todos os princípios sejam utilizados em harmonia.

Um desses princípios é de averiguar o estilo do livro e do texto que está sendo lido. Ora, tanto um como o outro são textos de estilo profético, que se encontram no interior de livros de estilo profético. O estilo profético apresenta linguagem e estrutura próprias, distintas dos demais estilos. Uma das estruturas comuns a algumas profecias é a sua mensagem dupla.  O que isso significa? Bem, o profeta descreve uma profecia na qual sua mensagem se aplica a dois contextos diferentes, porém paralelos. Desta forma, um contexto se torna metáfora do outro contexto e uma única profecia acaba tendo dupla aplicação. Vou citar alguns exemplos para o leitor entender melhor. Em Malaquias 4:1-6 lemos a seguinte profecia:

“‘Pois eis que vem o dia e arde como a fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará’, diz o Senhor dos Exércitos, ‘de sorte que não lhes restará nem raiz, nem ramo. Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas; saireis e saltareis como bezer-ros soltos na estrebaria. Pisareis os perverso, porque se farão cinzas debaixo das plantas dos vossos pés, naquele dia que preparei’,, diz o Senhor dos Exércitos. ‘Lembrai-vos da Lei de Moisés, meu servo, a qual lhe prescrevi em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos. Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição’”.

Vamos entender a profecia. Deus está pintando o quadro escatológico do último dia deste mundo corrompido. Neste dia, Deus irá destruir todos os maus através de fogo, extinguindo-os da face da terra. Por isso esse dia, no Antigo Testamento, geralmente é chamado por nomes como “O Dia da Vingança do Senhor”, ou “O Grande e Terrível Dia do Senhor”. É um dia de desespero. Não para os justos, claro, mas para os iníquos. É um dia de maldição, mas não para aqueles que escolheram estar com Deus.
O Grande Dia do Senhor está intimamente conectado com a vinda do Messias a terra. Assim acreditavam os judeus no Antigo Testamento e assim continuaram crendo os cristãos no Novo Testamento até ao dia de hoje. Na profecia em questão tudo indica que o Messias é o sol da justiça que traz salvação em suas asas. Uma descrição simbólica de Cristo, exaltando seu brilho, sua grandeza, sua retidão e seu poder sobrenatural.

Deus oferece a esperança do nascimento do sol da justiça para os justos e, então, faz um apelo para que as pessoas se lembrem da lei de Moisés. Isso é um claro apelo à observância dos mandamentos e a valorização da Torá. Em seguida diz que enviará o profeta Elias. Evidentemente, não se trata do profeta Elias literal. Trata-se apenas de algum profeta que anunciaria a vinda do sol da justiça. Alguns versos antes, Malaquias já havia profetizado sobre esse profeta:

“‘Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; de repente virá ao seu templo o Senhor, ao quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a quem vós desejais’, diz o Senhor dos Exércitos. ‘Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda? E quem poderá subsistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do ourives e como a potassa dos lavandeiros. Assentar-se-á como como derretedor e purificador de prata’”.

A escolha do nome Elias para simbolizar este mensageiro não foi em vão. Elias fora o maior profeta que já existira. Tanto que não morreu, mas foi trasladado por Deus. Tal como Moisés representava a lei, Elias representava os profetas. Assim, Deus o menciona para mostrar o quão importante era a obra do mensageiro que precederia o Messias e como ela estava em acordo com tudo o que os demais profetas haviam dito e escrito. Deveria, então, o povo dar valor à lei, aos profetas e, principalmente, ao precursor do Messias. Deus, então, fecha a profecia dizendo que este precursor do Messias prepararia o coração das pessoas, a fim de que a maldição do Grande Dia do Senhor não caísse sobre elas.

Agora, repare: o Elias mencionado realmente veio. Ele era João Batista. O próprio Jesus Cristo o identificou como o Elias da profecia. João Batista teve um ministério famoso e levou muitas pessoas a se arrependerem dos pecados e prepararem seus corações para a breve vinda do Messias. Ele honrou o nome de Moisés e Elias, levando às pessoas a valorizarem mais a lei e os profetas. Então, veio Jesus Cristo, o sol da justiça. E ele trouxe salvação quando morreu na cruz e ressuscitou. Ok. Mas a profecia não está totalmente cumprida. Onde está o Grande Dia do Senhor? Cadê a destruição total dos ímpios? E onde estão os salvos pulando felizes, livres da maldade dos perversos? Ainda não aconteceu. E já faz dois mil anos. A profecia falhou?

Definitivamente não. O que ocorre é que a mensagem dessa profecia é dupla. Ela se aplica a dois contextos distintos, mas paralelos. Esses dois contextos são: a primeira vinda do Messias e a segunda vinda do Messias. A profecia fala desses dois eventos, usando um como metáfora do outro. Por que ela faz isso? Porque há eventos na primeira vinda que terão equivalentes na segunda vinda. Vejamos.

A profecia de Malaquias afirma que um mensageiro prepararia o povo para a vinda do Messias. Na primeira vinda, João Batista desempenhou esta função, conforme o próprio Jesus confirma em passagens como  Mateus 11:14 e 17:9-13. Na segunda vinda, a função será desempenhada por um movimento de cristãos fiéis em meio à apostasia do tempo do fim, conforme fica claro em Apocalipse 14:6, 12:17, 14:12 e Mateus 24:14.

A profecia de Malaquias diz também que Deus orientaria o povo a se lembrar da sua lei e que muitos seriam convertidos, algo que é feito por meio de João Batista antes da primeira vinda e por esse movimento cristão do tempo do fim antes da segunda vinda. Em seguida, nos é dito que o Messias vem, trazendo salvação. Na primeira vinda isso é feito através da morte dele na cruz. Na segunda vinda, os cristãos já salvos são libertos desse mundo caído. Então, a profecia fala sobre Deus lançando a maldição pelo pecado sobre a terra. Na primeira vinda, Cristo se coloca no lugar da humanidade, recebendo a punição. Na segunda vinda, aqueles que não aceitaram o sacrifício substitutivo de Cristo recebem a maldição. Por fim, a profecia descreve a alegria dos justos por causa da vitória sobre os ímpios. Na primeira vinda, essa alegria ocorre pela certeza da volta de Cristo. Na segunda vinda, a destruição dos ímpios é concretizada. Uma tabela ajudará o leitor a visualizar melhor isso:


Semelhante a esta profecia, há outras que seguem a mesma estrutura. Não há espaço para analisar todas elas, mas irei citar algumas aqui. Uma delas se encontra em Mateus 24. Lá Jesus descreve uma perseguição que o povo cristão sofreria. A profecia, na verdade, fala de dois contextos: a perseguição que sobreviria a Jerusalém no ano 70 e a perseguição aos cristãos no final dos tempos.

Outra profecia dupla se encontra em Apocalipse, capítulos 2 e 3. Ali são descritas sete cartas, uma para cada igreja que existia na região da Ásia. A mensagem a cada uma delas é verdadeira e fazia menção aos seus defeitos e virtudes literais. Mas cada igreja literal também representava um período do cristianismo. Elas foram escolhidas para essa representação justamente por conterem os defeitos e as virtudes de cada período que precisava ser representado. Assim, temos uma mensagem àquelas igrejas literais e aos períodos que elas representavam.

Ainda outro exemplo de profecia dupla se encontra no capítulo 56 de Isaías. Lá podemos ler que Israel se tornaria Casa de Oração para todos os povos. Essa profecia se estende para dois contextos: antes e depois de Cristo. Antes de Cristo, entre os anos 400 a.C. e 1 a.C., o judaísmo foi bem espalhado por vários lugares, fazendo com que pessoas de muitos povos se unissem a Israel em suas crenças. Depois de Cristo, com a fundação da Igreja, essa tendência continuou, mas agora com mais força.

Uma vez compreendido que existem profecias duplas, devemos nos perguntar: será que os textos de Isaías 14 e Ezequiel 28 não se tratam de profecias duplas? Há boas razões para se pensar que sim. Perceba que ambos os textos utilizam uma linguagem simbólica muito exagerada para se referir ao rei de Babilônia e o rei de Tiro. E não é só exagerada. Note: ela possui vários símbolos que formam juntos a descrição de outro personagem. Não se trata apenas de algumas metáforas alheias para descrever os dois reis, mas de metáforas que montam uma história, uma descrição.

Caso estejamos lidando realmente com profecias duplas, devemos entender o seguinte: em Isaías 14 o autor quer mostrar que o rei babilônico era muito orgulhoso, guerreava contra nações e desejava ser o homem mais importante e lisonjeado do mundo. Para expressar isso, o autor escolhe a história de outro personagem como metáfora para o rei. Este personagem é chamado de estrela da manhã, filho da alva.

O leitor poderia argumentar que o autor estava falando meramente de uma estrela (tal como usamos flor como metáfora para uma menina bela e meiga). Mas ele diz que essa estrela desejava estar acima de Deus e se assentar no trono de Deus. Isso extrapola a metáfora simples. Não estamos mais falando de um rei que se compara a uma estrela. Estamos falando de um rei que se compara a uma estrela que quer estar acima de Deus. Trata-se de uma história metafórica no qual a estrela é um personagem e não um mero elemento comparativo. Essa história pode ser fictícia ou não.

Em Ezequiel 28, o autor quer mostrar que o rei de Tiro era muito orgulhoso, tendo se corom-pido por causa disso. Resolve, como fez Isaías, escolher um personagem para servir de metáfora para o rei. O personagem é chamado de querubim da guarda ungido. Mais uma vez o leitor poderia dizer que Ezequiel não está se referindo a ninguém especial, mas apenas comparando o rei a uma figura criada. Mas o autor diz que esse era perfeito, que permanecia na morada de Deus e que se corrompeu. Mais uma vez, não temos uma metáfora simples, mas uma história metafórica. Pode ser fictícia ou não.

Como a maioria dos cristãos chega à conclusão de que essas histórias metafóricas são verda-deiras? Observando que elas se complementam entre si e são idênticas à história de Satanás já informada e deduzida em outros textos bíblicos. Note: em Ezequiel 28, nosso personagem é um querubim. Querubim é um tipo de anjo. Satanás era um anjo. O querubim habitava jardim de Deus e o monte santo, termos que são termos pra o que chamamos “céu”, a morada de Deus. Satanás também morava no “céu”. Este céu não é literal, mas nós chamamos assim a morada de Deus porque fica fora da terra. Tudo o que fica fora da terra para nós está no céu. É natural, portanto, que em Isaías 14, nosso personagem seja identificado como uma estrela. Se as estrelas literais estão no céu literal, as estrelas simbólicas estão em um céu simbólico. E se Satanás é essa estrela simbólica, o céu simbólico é a morada de Deus.

Isaías 14 continua dizendo que nosso personagem debilitava as nações? Mas havia nações no céu? Certamente não as que conhecemos na terra. Mas é bom notar que nação significa um conjunto de pessoas com semelhanças étnicas. No campo simbólico, nações poderiam ser muito bem conjuntos de seres pelo universo, tanto anjos quanto outras criaturas inteligentes das quais não temos conhecimento. Isaías 14 continua dizendo que nosso personagem deseja sentar no tono de Deus e ser como o Altíssimo. Como vimos antes, há bons indícios de que Satanás sempre almejou isso. Em Ezequiel 28, nosso personagem deseja a mesma coisa: ser o próprio Deus. A partir daí, nosso personagem deixa de ser perfeito, assim como Satanás deixou de ser perfeito um dia.

Voltamos a Isaías 14 e percebemos que Deus profere uma maldição sobre a Babilônia. A Bíblia fala em uma Babilônia literal e em uma Babilônia simbólica. A literal é governada pelo monarca, evidentemente. Mas a simbólica é governada por Satanás. Assim, Deus promete a destruição tanto de uma quanto de outra. Em Apocalipse 18 lemos sobre essa segunda destruição. Então, vamos mais uma vez para Ezequiel 28, onde o autor diz que um fogo destruiria Tiro e seu monarca. Da mesma maneira, um fogo destruirá Satanás no fim dos tempos.

Conforme o leitor pode ver, utilizando bem os princípios de interpretação é possível chegar à conclusão de que os dois textos realmente fazem uso da história de Satanás para se referir aos dois reis. Por que isso foi feito? Provavelmente para nos ensinar que os dois reis padeceram do mesmo mal do Diabo: o orgulho. Também para deixar claro que aqueles que se deixam usar por Satanás tornam-se espelhos dele, de modo que sua história é reencenada e rememorada nos ímpios.

Outra pergunta interessante é: será que a metáfora foi entendida na época? Eu não tenho como afirmar que sim. É possível. Até porque muito provavelmente a história de Satanás deve ter sido difundida desde o princípio, fazendo parte de muitas culturas. Certamente a história foi distorcida na maior parte dessas culturas, mas há boa possibilidade de que a ideia de um anjo caído que almejou ser Deus fosse conhecida, sobretudo entre os israelitas. Contudo, mesmo que ninguém tenha entendido a metáfora na época, ninguém disse que ela era para ser entendida pelos primeiros leitores/ouvintes. Talvez Deus tenha inspirado a metáfora para que a Igreja entendesse e não as pessoas anteriores a ela.

Fica provado, então, que é uma enorme tolice dizer que a história tradicional de Satanás é uma mentira. Ela está bem amparada por diversos textos bíblico, independentemente da interpretação de Isaías 14 e Ezequiel 28. Não obstante, há boas razões para se enxergar os dois textos como profecias duplas, cuja mensagem se refere aos reis da Babilônia e Tiro, mas também ao Diabo. A importância de se provar isso não está tanto no fato de conhecer melhor a história do inimigo de Deus, mas de preservar o entendimento de que Deus é bom e o mal veio e vem de uma criatura livre que se corrompeu. Creio que a ideia de lançar dúvida sobre a história de Satanás é um plano do próprio Diabo para levar cristãos a colocarem dúvida em outros pontos claros da Bíblia. O objetivo final é que o cristão acabe duvidando de tudo e descartando a Bíblia. E isso, infelizmente, já aconteceu com muitos.

4 comentários:

  1. Não merce palmas,merece Tocantins inteiro!

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  2. se realmente ele falou na boca da serpente, que culpa teria a serpente então ja que ela é irracional,se fosse assim os animais estariam falando ate hoje, e para que usar uma serpente para falar com eva ele estaria escondendo de quem, porque ninguem esconde de DEUS.

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  3. Engraçado o malabarismo que é feito pra provar um ser que não existe.....Esse pensamento dual entre bem e mal nada mais é do que uma idéia do zoroastrismo persa ...o homem não tem capacidade de admitir que erra por escolha e este satanás nada mais é do que a inclinação má do homem...nosso adversário são nossos desejos profundos...no entanto é mais fácil por a culpa no capeta e sua laia do que admitir o próprio erro....eu fico imaginando se tido mal que existe é culpa do demônio imagina...tem milhões de pessoas possuídas ao mesmo tempo no mundo... eita criatura poderosa essa...quase um deus....

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    1. Não, seu imbecil, analfabeto funcional. Esse texto não tenta provar a existência de Satanás. O título já deixa claro qual é o objetivo do texto: saber se a história tradicional de Satanás é bíblica ou não. Se você não tem capacidade intelectual para entender isso, não tem capacidade para discutir mais nada aqui. Volte para a classe de alfabetização.

      Atenciosamente,

      Davi Caldas.

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