domingo, 16 de setembro de 2012

Refutando alguns argumentos anti-sabatistas - Parte 2

Na última postagem, comecei a refutar alguns argumentos anti-sabatistas presentes em um site, cujo link foi enviado por um rapaz gentil, com o qual estou debatendo. Como o texto tinha alguns erros (tá... eu tô sendo generoso), resolvi fazer uma análise, apontando-os. Na primeira parte, eu apontei 5 erros. Agora, na segunda, apontarei o restante, que são mais 8 (a começar do sexto erro). Vamos começar?


- Sexto erro: Ligação Forçada
Conforme o Profeta Jeremias, em Seu novo pacto, o Senhor promete escrever a Sua Lei no interior e no coração dos homens. E conforme Ozéias, no dia em que isto acontecer, os homens O conhecerão. Ora, isto se cumpre exatamente num Domingo, quando o Espírito Santo é dado aos Apóstolos (cf. Jo 20,19-23; At 2,1-4); pois é o Espírito Santo que nos convence da vontade de Deus.
A segunda aparição do Senhor aos discípulos não é no Sábado, mas no novo "dia que o Senhor fez" (cf. Sl 118,24), isto é, no Domingo (cf. Jo 20,26), dia em que Tomé o adora como Deus (cf. Jo 20,29). Talvez temos aqui a primeira adoração cristã a Deus no dia de Domingo. 
De onde o articulista tirou a ideia de que há uma ligação necessária e lógica entre a aparição de Jesus e a descida do Espírito Santo no domingo e a suposta validade da guarda do domingo? São fatos que não apresentam nenhuma ligação. Na realidade, se analisarmos mais detidamente, esses eventos ocorreram no primeiro dia da semana porque o primeiro dia da semana é que as coisas começam e recomeçam. Deus começou a criação no primeiro dia da semana. Da mesma forma, Jesus ressuscitou no primeiro dia e o Espírito desceu no primeiro dia. Seguindo essa lógica, Deus terminou a criação na sexta, Jesus terminou seu ministério numa sexta e o Espírito Santo que estava em Jesus também. E ainda seguindo a lógica, Deus descansou da criação no sábado, Jesus descansou de seu ministério num sábado e o Espírito Santo também. 



É uma simbologia, evidente, porque Deus não precisa descansar e está sempre trabalhando em prol da humanidade; e Jesus deixou claro que descansar no sábado não é deixar de pregar o evangelho e fazer o bem para o próximo (pelo contrário, é um dia muito propício para isso, pois não se faz trabalhos seculares); e o Espírito Santo age nos corações de todos os cristãos todos os dias, inclusive no sábado. 



Mas é uma simbologia que mostra como que Pai, Filho e Espírito Santo são o mesmo Deus: o Deus criador. E isso significa que o ciclo semanal continua o mesmo desde a criação: sexta é o término, sábado é o descanso e o primeiro dia é o recomeço de tudo. Por isso Jesus ressuscitou no domingo e não no sábado ou na própria sexta. E por isso o Espírito Santo desceu num domingo e não numa quarta, quinta ou sábado. O Deus criador mostrou que o ciclo continua o mesmo.



- Sétimo Erro: Confusão sobre o que é “dia guarda”
O Culto Cristão acontece no domingo (cf. At 20,7; 1Cor 16,2). Os Sabatistas alegam que a "Ceia do Senhor" não era uma reunião de culto. A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios mostra claramente que a reunião da "Ceia do Senhor" era uma reunião de culto. Basta verificar os capítulos 11 a 16.
É preciso deixar uma coisa bem clara aqui: reunir-se com outros irmãos a fim de adorar o Senhor Jesus NÃO significa guardar esse dia. Guardar um dia é dizer que ele santo e sustentar que nesse dia devemos nos abster de toda forma de trabalho secular durante suas 24 horas, utilizando-o para adorar o Senhor, ler a Bíblia, evangelizar, se reunir com irmãos, se reunir com a família, ajudar o próximo, fazer coisas relacionadas a Deus e admirar as coisas que Deus fez. Isso é guardar um dia.



Então, apontar reuniões de cristãos (para adorar o Senhor) durante outros dias, não serve para provar que esses dias eram guardados. Na verdade, podemos ler no livro de Atos que os irmãos se reuniam e pregavam todos os dias. E é assim que tem que ser mesmo. O sábado não foi criado para que passássemos todos os dias longe de Deus e um dia apenas na sua presença. Deus almeja que demos tempo para Ele e para suas coisas durante toda a semana. O salmista afirma que medita na Palavra de Deus todos os dias. Daniel orava a Deus três vezes por dia. O apóstolo Paulo diz que devemos orar sem cessar (isto é, com frequência). 



Se o sábado limitasse nossa adoração ao Senhor e nossas reuniões com irmãos a apenas um dia, não seria um bom mandamento. O objetivo do sábado é: (1) podermos ter um dia específico e fixo para fazermos as coisas de Deus (porque durante a semana temos outros afazeres, o que nos impede de dar o dia inteiro para Deus); e (2) nos lembrar que Deus é o Criador do mundo e que o Criador do mundo é o mesmo ser que sacrificou por nós na cruz e que habita em nosso interior (é um Deus Triúno).



É por isso que os adventistas do sétimo dia também têm cultos de adoração ao Senhor no domingo e na quarta. Em algumas semanas especiais, temos cultos todos os dias da semana. E ainda existem os pequenos grupos, que podem ser feitos em qualquer dia da semana e que são reuniões caseiras onde um grupo menor da igreja se reúne para estudar a Bíblia, louvar e orar. Isso não quer dizer que guardamos esses dias. E o sábado continua sendo um dia diferente e especial.



Quanto aos textos de Atos 20:7 e I Coríntios 16:2, também os refutei naquele texto antigo que pretendo postar. Vou resumi-las aqui. O texto de Atos 20:7 afirma que Paulo e os irmãos estavam reunidos no primeiro dia da semana e que Paulo prolongou seu discurso até à meia noite. Ora, o leitor deve saber que nos tempos bíblicos, o dia era contado até o pôr do sol (como podemos ver em Gênesis 1:5, em Levítico 23:32 e em Lucas 23:54). É o certo, afinal, o dia não termina no meio da noite, mas sim no fim do dia. 



O texto também afirma que Paulo se estendeu porque iria viajar no outro dia, pela manhã. Então, fica claro que Paulo e os irmãos estiveram reunidos durante todo o dia de sábado, até o pôr do sol (o fim do sábado e começo do domingo). E continuou falando depois do pôr do sol (já no primeiro dia da semana), até meia-noite, porque iria viajar de manhã. E por que viajaria pela manhã do primeiro dia? Porque sábado não é dia para viajar, mas para se reunir com os irmãos e falar de Deus. Só eu Paulo gostava de falar e acabou se alongando, varando o primeiro dia da semana. Portanto, o texto, na verdade, é uma boa evidência de que o sábado ainda era guardado.



A passagem de I Coríntios 16:2, Paulo afirma nela que os irmãos deveriam juntar o dinheiro da oferta a partir do primeiro dia da semana para que quando ele voltasse, pudesse levar as ofertas. Vamos ler o texto:
Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua propriedade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for. E, quando tiver chegado, enviarei, com cartas, para levarem as vossas dádivas a Jerusalém, aqueles que aprovardes. Se convier que eu também vá, eles irão comigo.
Isso é guardar um dia? Não! Na verdade, isso é uma prova de que o ciclo semanal começava no primeiro dia da semana. Sabendo disso, Paulo diz que a partir do primeiro dia da semana, que é o primeiro dia de trabalho, as pessoas deveriam começar a juntar dinheiro. Ele não pediria para começar a juntar no sábado, porque sábado não é dia de ganhar dinheiro e, portanto, não é dia de começar a juntar. Simples.



- Oitavo Erro: Outra confusão entre tipos de leis



No entanto muitos cristãos se viam tentados a judaizar, isto é, a observar as prescrições da Lei Mosaica. Os Gálatas era um exemplo e por causa deles São Paulo dirige-lhes uma epístola exatamente para tratar desta questão. E vejam a bronca que o Apóstolo dá neles: "Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi apresentada a imagem de Jesus Cristo crucificado? Apenas isto quero saber de vós: recebestes o Espírito pelas práticas da lei ou pela aceitação da fé? Sois assim tão levianos? Depois de terdes começado pelo Espírito, quereis agora acabar pela carne? (Gl 3,1-3).
Quem ainda duvidar de que São Paulo também estava se referindo à observância do Sábado, então veja o que ele escreveu aos Colossenses: "Que ninguém vos critique por questões de comida ou bebida, pelas festas, luas novas ou sábados. Tudo isso nada mais é que uma sombra do que haveria de vir, pois a realidade é Cristo" (Cl 2,16-17) (grifos meus).
Errado. O articulista ignora que “sábados” também é utilizado para se referir aos feriados religiosos. Uma prova disso está em Levítico 23:26-32 que afirma que o Dia da Expiação era um sábado. Acontece que o dia da Expiação tinha uma data certa: era o décimo dia do sétimo mês. Ou seja, em cada ano, o décimo dia do sétimo mês caía em um dia da semana diferente. Podia ser domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta ou até no sábado. Fosse como fosse, o dia era chamado de sábado, porque sábado que dizer “cessar” e nos feriados, assim como no sétimo dia, cessava-se o trabalho secular.



Como Paulo está falando sobre leis cerimoniais nesse texto de Colossenses, então é óbvio que esse “sábados” se referem a feriados religiosos.



A questão é: Paulo nunca falou contra a sobre a observância de leis morais. Pelo contrário, ele a exalta em vários pontos. O que Paulo criticava eram duas coisas: (1) os que viam a lei como meio para salvação e purificação e (2) os que acreditavam que os preceitos cerimoniais da lei ainda estavam valendo. Essas duas coisas estavam erradas, pois (1) Jesus é quem salva e o Espírito é quem purifica; a função da lei é somente ser um padrão moral de conduta; e (2) os preceitos cerimoniais prefiguravam o sacrifico de Cristo e a Nova Aliança, então claro que com o sacrifício já feito, tais preceitos se tornaram obsoletos e inúteis. Aqueles que se voltavam para eles, era como se estivessem declarando não acreditar que o sacrifício do Messias era suficiente para salvar.



Mas em nenhum momento, Paulo levanta a voz para falar contra leis de caráter moral. Portanto, os 10 mandamentos ficam fora das críticas de Paulo. Não adiante tentar colocar o sétimo dia da semana no bolo. Ele não é igual a sacrifico de animais, festas, feriados religiosos, santuário terreno, comida e bebida sagrada e circuncisão. Ele é um mandamento moral.



- Nono Erro: Tradição posterior a Bíblia
Mais uma confirmação Bíblica de que o Domingo é o Dia do Senhor, está no Livro do Apocalipse. Em Ap 1,10 São João escreve: "Num domingo, fui arrebatado em êxtase, e ouvi, por trás de mim, voz forte como de trombeta". A expressão que no português está como "num domingo" no original grego está "té kyriaké hémerà", que significa "No Dia do Senhor". Ora, aqui São João está dizendo que no Domingo, que é Dia do Senhor, Deus lhe deu uma revelação. Se o Domingo não é o Dia do Senhor, por que São João assim o indicou no Livro do Apocalipse?.
Aqui, temos uma prova ou de que o articulista tem muito pouco conhecimento ou que ele é muito desonesto. O apóstolo João não diz que teve a visão no primeiro dia da semana (que é como o “domingo” é chamado na Bíblia). Ele diz que teve no “dia do Senhor”. Mas qual é o dia do Senhor bíblico? É o primeiro dia da semana? Não. O único dia do Senhor do qual a Bíblia fala é o sábado. Ele é chamado de “meus sábados” pelo Senhor, no Antigo Testamento, e Jesus diz que ele é “o Senhor do sábado”. Foi o sábado que foi santificado e abençoado por Deus, é o sábado que está no decálogo e nada nunca foi dito contra o sétimo dia da semana na Bíblia. Este é o dia do Senhor.



Mas veja a malandragem: quando os cristãos passaram a guardar o primeiro dia da semana, este dia foi chamado de dia do Senhor (domingo). E quando a Bíblia foi traduzida para o latim e do latim para o português, no trecho que diz “dia do Senhor”, ficou “domingo”. Isso nos induz a pensar que João estava se referindo ao primeiro dia da semana, quando, na verdade, ele diz “dia do Senhor”, que não podia ser outro que não o sábado. Se, de fato, João quisesse dizer que o dia do Senhor era o primeiro dia da semana, diria: “No primeiro dia da semana, o dia do Senhor, fui arrebatado...”.



O erro do articulista é fazer uso de uma tradição posterior a Bíblia (a de que o dia do Senhor é o primeiro dia da semana), para dizer que João está falando desse dia, e não do “dia bíblico do Senhor”.



- Décimo Erro: Confiar em tradições humanas:
A Igreja do período pós-Apostólico, também confirmou a doutrina do Novo Dia de Adoração que recebeu dos Apóstolos.
Já refutamos as alegações que os apóstolos ensinaram a guardar o primeiro dia da semana em lugar do sábado. Então, não faz sentido usar textos de cristãos do período pós-apostólico para provar a santidade do primeiro dia. Se os apóstolos não ensinaram isso é porque Jesus Cristo não disse nada a respeito. Então, a guarda do primeiro dia da semana é apenas tradição humana, que começou a se disseminar justamento quando os apóstolos já estavam todos mortos, exilados ou muito velhos.



Ainda assim, é bom fazer algumas análises rápidas aqui sobre alguns dos textos que o articulista cita. Um deles é um trecho do Didaquê. Diz assim: "Reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro". Mesmo que o autor esteja se referindo ao primeiro dia da semana (o que não está explícito), não há aqui uma exortação para que se guarde o domingo e se abandone o sábado. É uma exortação a que haja uma reunião em algum momento do primeiro dia da semana para que se parta o pão, se agradeça e se confesse os pecados. De fato, os primeiros cristãos faziam isso nas manhãs de domingo, antes de saírem para seus trabalhos. Era uma tradição para se lembrar da ressurreição, mas não era propriamente a guarda do domingo (que só se oficializa com o édito de Constantino, em 325) e nem era uma tradição com embasamento bíblico (embora não haja nada de mal em acordar na manhã de domingo e fazer um pequeno culto).



Outro texto citado é proveniente da Carta aos magnésios, escrita por Inácio. Um trecho da carta diz assim: 
Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte.
Este texto é problemático, porque no original não lemos a expressão hemera (ou equivalente), que quer dizer “dia”. No original temos: “meketi sabbahizontes, alla kata kyriaken zoontes” (“não mais sabatizando, mas conforme o do Senhor vivendo”). A melhor interpretação, de acordo com o contexto, seria: “Não mais sabatizando, mas vivendo conforme a vida do Senhor”. “Sabatizar” seria aqui um neologismo para: “agir como um judeu”. Talvez esse neologismo fosse uma crítica de Inácio à forma judaica antiquada da época de se guardar o sábado. Então, Inácio faz um paralelo entre a nova vida no Senhor e a vida judaica cheia de fardos. A interpretação é coerente.



O outro texto é de Justino. Ele é o primeiro autor que indica que o primeiro dia da semana deveria ser usado para o Senhor. E é interessante que, a todo o momento, ele faz uma alusão a esse dia com o dia do deus sol dos pagãos (que também era o primeiro dia da semana), o que parece ser uma tentativa de se aproximar dos pagãos. Mais ou menos como fez Paulo em Atos 17, quando disse aos gregos que o “Deus desconhecido” era precisamente o Deus que ele pregava. Só que Paulo não pretendia mudar a lei de Deus. Justino, no entanto, diz o seguinte:
Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos expondo para vosso exame.
Mas espere um pouco... Onde é que lemos nos evangelhos ou nas epístolas do Novo Testamento que Jesus mandou tornar o domingo um dia santo? Não há isso em nenhum ponto do Novo Testamento. Então, Justino está se utilizando de tradições humanas em lugar da lei moral de Deus que diz: “Lembra-te do dia de sábado para o santificar” (Êxodo 20:8).



Os demais textos citados são mais próximos de quando Constantino oficializou a guarda do primeiro dia. Vou fazer uma postagem sobre isso depois, mas devo ressaltar que a mudança da guarda do sábado para o domingo ocorreu de maneira gradual e passou por muitas fases. Assim, antes da oficialização de Constantino, é óbvio que o processo de mudança já estava bem avançado. Ou seja, citar textos de cristãos do período pós-apostólico falando sobre o domingo como dia santo não é válido. Temos que provar através dos escritos do Novo Testamento que Jesus Cristo ordenou isso e que os apóstolos assim faziam. 



- Décimo primeiro Erro: Mentiras contra os adventistas
A fundadora do Adventismo do Sétimo Dia, a senhora Ellen G. White, afirmava em seus escritos que a instituição do Domingo como dia do Senhor, era invenção do Papado, e quem observasse este dia com Dia do Senhor receberia a marca da Besta. Por esta razão alguns Adventistas (acreditando mais na senhora White do que na Bíblia, nos Apóstolos, no Espírito Santo e nos cristãos dos primeiros séculos) têm procurado fundamentar esta afirmação pesquisando onde o Papado teria feito tal instituição.
Nunca vi tantos disparates na minha vida. Em primeiro lugar, Ellen White não foi “a fundadora do adventismo”. O articulista usa essa expressão para gerar um efeito psicológico negativo no leitor. O leitor fica com a impressão de que Ellen White é para o adventismo o que Maomé é para o islamismo (um pilar fundamental). Ocorre que o adventismo não depende de Ellen White para existir. Tudo o que Ellen White falou era pautado na Bíblia. Então, chamá-la de fundadora do adventismo é apenas um truque para induzir o leitor a aceitar os argumentos sem nem sequer analisar o que Ellen White falou em seus escritos.



Em segundo lugar, ela não afirmou que a guarda do domingo era invenção do papado, mas sim que a Igreja Católica concretizou isso. E isso é verdade. Acontece que nenhuma mudança na história acontece do nada. Para que a Igreja Católica mudasse o dia de guarda do sábado para o domingo, era necessário que grande parte dos cristãos concordasse com isso. E para que grande parte dos cristãos concordasse com isso, é óbvio que antes do decreto de Constantino e antes do Concílio de Laodicéia e antes a Igreja Católica ser ratificada como Igreja oficial em 538, houve um lento e gradual processo de aceitação da ideia, envolvendo várias fases de validação.



Em terceiro lugar, como já mostrei, o Novo Testamento não afirma em nenhum lugar que o primeiro dia da semana substituiu o sábado ou que o sábado foi abolido. O articulista se utiliza de uma série de erros básicos de interpretação bíblica para fazer tal afirmação e depois disso deposita a sua confiança na opinião de cristãos pós-apostólicos que cometeram os mesmos erros. Então, quem confia mais em homens do que na Bíblia não são os adventistas, mas o articulista.



- Décimo segundo Erro:
Devemos lembrar que os decretos contra os cristãos judaizantes foram instituídos pelos Apóstolos durante o Concílio de Jerusalém (cf. At 15). Conforme já expomos, estes decretos não favoreciam a observância do Sábado como Dia do Senhor.
O texto de Atos 15 gira em torno de uma discussão sobre a validade ou não da circuncisão. Circuncisão é preceito cerimonial, portanto, nada tem a ver com a guarda do sétimo dia da semana. Então, chamar os sabatistas de judaizantes é colocar o sétimo dia num pacote de preceitos ao qual ele não pertence. Desonestidade isso.



- Décimo Terceiro Erro:
Os Bispos de Jerusalém sempre foram fiéis a estes decretos, conforme podemos observar no testemunho de São Cirilo, Bispo de Jerusalém: "Não ceda de forma alguma ao partido dos Samaritanos, ou aos Judaizantes: por Jesus Cristo de agora em diante foste resgatado. Mantenha-se afastado de toda observância de Sábados, sobre o que comer ou como se purificar. Mas abonime especialmente todas as assembléias dos perversos heréticos" (São Cirilo de Jerusalém. Carta 4, 37) (grifos meus).
Então, devemos ficar com o testemunho de Ellen G. White ou com o testemunho de Jeremias, Oséias, Jesus, Espírito Santo, dos Apóstolos e dos primeiros cristãos?.
Devemos ficar com o testemunho de Jeremias, Oséias, Jesus e o Espírito Santo, é óbvio. Mas devemos também saber interpretar esses testemunhos à luz da Bíblia. Por exemplo, fazer confusão entre preceitos morais da lei e preceitos cerimoniais é algo totalmente antibíblico. A Bíblia ensina que existe distinção entre esses dois preceitos, e se alguém faz confusão, não está sendo bíblico. E acreditar em qualquer pessoa que não se pauta na Bíblia, é um erro.



Portanto, devemos recusar o testemunho do Bispo Cirilo e todos os que insistem em fazer interpretações antibíblicas e sem sentido da Bíblia Sagrada, seguindo tradições humanas. Foi o que a Ellen White se esforçou para fazer em seus escritos, inclusive.

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