quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Argumentos para a existência de Deus - Parte 7: O Testemunho Interno do Espírito Santo (Conclusão)

É, amigo leitor, o fim chegou. Não o fim do mundo, mas o fim da nossa série de postagens sobre a existência de Deus. A proposta, desde o início, era a de mostrar que a crença na existência de Deus não é uma questão de fé cega, ilógica e anticientífica em um Ser de caráter mitológico. Bem distante disso, a crença na existência de Deus se baseia em observações e conclusões pautadas no raciocínio lógico.

Em nenhum momento da série, eu apelei para a emoção, para o subjetivismo ou para pressuposições. Ao contrário, antes de chegar a qualquer conclusão, analisei todas as hipóteses, a fim de não ser tendencioso. Apenas para aclarar a mente do leitor, vamos lembrar o caminho que percorremos. 

Introdução 

Começamos com o argumento cosmológico, onde observamos que tudo aquilo que tem um começo, tem uma causa para esse começo. Levando em conta que a lógica e a ciência nos mostra que o universo teve um começo de existência, isso nos levou a concluir que o universo tinha uma causa e que essa causa não poderia ser o próprio universo (pois isso é contraditório). Então, concluímos que o universo precisa ter algo que o causou e que está além do universo, isto é, um agente atemporal, aespacial, imaterial e com propriedades de causa. 

Passamos para o argumento teleológico e nele observamos que o universo e os seres vivos apresentam mecanismos complexos, constantes, funcionais e com finalidade específica. Tais elementos não poderiam surgir através do acaso, porque o acaso é um agente aleatório, que nada ordena. Assim, inferimos que o agente causador do mundo é um agente pessoal, inteligente e ordenador. Alguém que deu aos mecanismos a possibilidade de seguir uma ordem (leis naturais fixas, por exemplo). 


Depois vimos o argumento moral, no qual entendemos que nossa concepção de certo e errado, de bom e mal como moral objetiva, absoluta e transcendente, não faz o menor sentido se não derivar de um padrão moral absoluto, objetivo e transcendente. Se esse padrão não existe, não há certo e errado real. Há apenas convenções da sociedade e sensações subjetivas sobre o que se deve fazer. Mas não uma moral absoluta. Então, se cremos em uma moral absoluta (e há evidências de que ela existe), há um padrão transcendente, o qual não é outro que não o agente causador e ordenador do universo. 


O quarto argumento que vimos foi o da razão humana, que nos mostrou que do mesmo modo que não faz sentido falar de uma moral absoluta sem um padrão absoluto, também não faz sentido crer na validade de nosso raciocínio (da razão humana) sem que se creia na existência de uma causa racional para a nossa razão. Se nossa razão deriva de causas não racionais, não morais e aleatórias, não há porque confiar que realmente somos seres racionais e que nosso raciocínio faz algum sentido lógico. Assim, não crer em Deus (que seria a causa racional), obriga o ateu a não crer em seu raciocínio. 



O quinto argumento foi o complexo argumento ontológico. Ele mostrou que ao afirmarmos a hipótese de que existe um Ser maior que tudo, este ser se faz existente na hipótese. Mas se ele é maior que tudo, é maior fora da hipótese também, isto é, no que chamamos de mundo real ou realidade. Sendo assim, se é possível que exista um Ser maior que tudo, Ele necessariamente existe na hipótese e na realidade. Como vimos que é possível (e necessário) que Deus exista, concluímos que Ele existe mesmo (e que é o único, pois logicamente não pode haver dois ou mais seres maiores que tudo). 


O sexto argumento que vimos foi o da ressurreição, o argumento em que eu mais tive necessidade de escrever. Nele, vimos que existem seis fatos históricos sobre Jesus que são reconhecidos pela maioria dos historiadores. Isso se dá porque existem alguns critérios de confiabilidade de fatos atestados em documentos que são amplamente satis-feitos nesses seis fatos (nós listamos 10 critérios principais e vimos como que eles realmente são muito bem satisfeitos nos fatos). 

Estes fatos históricos, uma vez provados como históricos através dos critérios já citados, necessitam de uma explicação. Relembrando os fatos: (a) a existência de Jesus; (b) a sua morte; (c) o seu sepultamento; (d) a constatação de seu sepulcro vazio; (e) as suas aparições para mais de 500 pessoas após sua morte; (e) a crença entre os primeiros discípulos e seguidores de que Jesus ressuscitara corporalmente. 

Relembrando as perguntas: Por que Jesus não foi achado em seu sepulcro? O que houve com o corpo? Como explicar suas aparições para mais de 500 pessoas? Por que os discípulos passaram a acreditar na ressurreição e pregá-la, se a crença na ressurreição corporal era amplamente desacreditada na época? Por que os discípulos passaram a pregar algo que eles sabiam que não lhes daria nenhum benefício pessoal, mas, pelo contrário, lhes traria injúrias, hostilidade, pobreza, vida nômade, perseguição, prisão, tortura e morte? 

A conclusão do argumento (a que chegamos após analisar as principais hipóteses que são dadas para explicar esses seis fatos e responder essas perguntas) foi a de que a melhor, mais plausível e lógica explicação seria a da ressurreição de Jesus (cuja possibilidade é bem atestada pelos argumentos anteriores que mostram a necessidade da existência do sobrenatural). 

Então, através do raciocínio lógico (sempre respaldado pelas ciências) chegamos às seguintes conclusões gerais: Existe um Deus, único, atemporal, aespacial, imaterial, pessoal, inteligente, causador do universo, ordenador, do qual emana a moral e a razão e que se mostrou ao mundo na pessoa de Jesus, tornando-se homem, passando por sofrimentos humanos e possibilitando nossa salvação através de sua morte na cruz e de sua ressurreição no terceiro dia. São conclusões a que chegamos sem recorrer, em momento algum, à pressuposição de que a Bíblia é a Palavra de Deus. 

Algo além da Razão 


Agora, chegamos à última postagem e eu me sinto obrigado a revelar algo para o leitor: estes argumentos não servem para converter ninguém. Por mais lógicos que eles sejam, ninguém nunca deixará o ateísmo ou o agnosticismo e se tornará um cristão de grande fé porque se sentiu convencido por eles. E a resposta para isso é bem simples: o ser humano não é apenas racional. 

Pois é... Não somos seres puramente racionais. Para dizer a verdade mais nua e crua, somos seres altamente sensitivos. São as sensações, as emoções e a maneira como nos sentimos em relação a algo, que nos impulsionam a negá-lo ou aceitá-lo. O homem é movido a paixões. Por exemplo, quando nos apaixonamos por uma pessoa. Por mais claras que sejam as evidências de que aquilo não dará certo, nós teimamos em insistir em nossa utopia. Abrimos mão da razão para dar lugar a uma sensação boa. 


Barack Obama ganhou as eleições presidenciais dos EUA. Mas por quê? Por que a maioria das pessoas foi racional ao escolher seu candidato? Não. Foi porque a maioria se identificou com o candidato. Votaram porque ele é engraçado, porque é simpático, porque é mais pop, porque é negro (um monte de gente votou nele só por causa da cor, acredite), porque já foi pobre, porque pareceu se preocupar com as vítimas do tornado Sandy (o que é apenas obrigação de um presidente) e etc. Mas nada disso diz respeito à razão, mas sim ao modo como nos sentimos em relação ao candidato. 


Estou querendo dizer que é ruim sermos emocionais? Não! De modo algum. As emoções, aquilo que sentimos em relação a algo, são muito importantes. Aquilo que nós sentimos é indissociável de nosso ser e tão relevante quanto a nossa razão. Por exemplo, eu posso saber tudo sobre uma laranja, como é sua aparência, como ela é nutritiva, como ela surge... Mas se eu não experimento a laranja, não posso dizer se ela é boa e muito menos posso adquirir seus nutrientes. Assim, o conhecimento que tenho sobre a laranja (razão) de nada me adianta, se eu não experimentá-la (sensação). 


O grande problema, portanto, é justamente quando a sensação não está atrelada à razão. Razão e sensação são dois elementos que não podem caminhar separadamente na vida de uma pessoa. Um deve complementar o outro. Este é o ponto. Se alguém usa só a sua razão para verificar se Deus existe, ainda que descubra que Ele existe, não terá uma grande fé nele, pois essa pessoa não tem a sensação de que Ele existe. 


Suponha que você, amigo leitor, seja um ateu ou agnóstico. Você não tem fé em Deus e, portanto, não tem amor por ele. Se não há amor, então não há absolutamente nenhuma sensação positiva quanto a Deus. Como, então, pode surgir uma crença? 


É o fato de ter estado emocionalmente ligado à descrença que impede que você passe a crer de uma hora para outra. Você não sente a existência de Deus. Você não sente a sua presença. Você não sente a sua falta. A razão te diz que Deus existe, mas suas sensações parecem não crer nisso. É essa falta de sensação sobre a existência de Deus que invariavelmente levará uma pessoa a jogar fora todos os motivos racionais que tem para crer, permanecendo descrente. 

É por esse motivo que apenas os argumentos não são suficientes. É necessário algo mais que isso. E eu vou dizer o que é. É necessário que a pessoa abra o seu coração para o Espírito Santo. 



O leitor pode achar essas palavras um tanto emotivas. Não deixam de ser. Isso é mesmo um apelo. Não um apelo para que você creia em Deus, mas um apelo para que você entenda que, se realmente Deus existe, ele te ama. Se realmente os argumentos que foram descritos nesta série estão corretos, existe um Deus que te ama. 

Então, não estamos tratando apenas de raciocínio lógico, mas da possibilidade de que você seja infinitamente amado por um Ser que simplesmente criou todo o universo e a vida. Você já parou para pensar nisso? Não, isso não é um apelo para que você creia em Deus, mas um apelo para que, ao estudar sobre Deus, você não o veja apenas como um objeto de estudo, mas como um Ser que talvez exista e que talvez tenha amado tanto a humanidade a ponto de enviar parte de si mesmo a terra, a fim de se sacrificar por nós. 


Não estou te pedindo, amigo leitor, que você abandone a razão, mas que você abra a sua mente para a hipótese do amor de Deus. E... se realmente existe esse Deus tão amoroso? Você está preparado para receber esse amor? Você está preparado para amar este Ser? Consegue visualizar a profundidade do que um tema como esse representa? 


Tente imaginar o quanto Jesus sofreu enquanto esteve na terra. Ele foi xingado, humilhado, cuspido, espancado, açoitado, zombado e posto nu em uma cruz. A cruz era a pior condenação que existia. A mais dolorosa, a mais violenta, a mais vergonhosa. Ele suportou tudo isso, apenas para que pudesse nos dar a chance de estarmos com ele. 


Talvez isso seja uma hipótese para você. Não tem problema. Mas tente, dentro dessa hipótese, observar o tamanho desse amor. Não seria um amor assim digno de um estudo de coração mais aberto? Abra o seu coração... Não tenha medo de se envolver demais emocionalmente com a hipótese desse amor. Embora sejamos seres altamente sensitivos, também somos seres altamente carnais. Se você não crê em Deus, não será a emoção que te fará crer. Porque, no fundo, é justamente a emoção que nos faz querer estar longe de Deus. 

O que o homem natural deseja é sentir o prazer de xingar uma pessoa, de bater em quem lhe perturba, de trair seu companheiro, de fazer bacanais, de se vingar, de se viciar álcool ou outras drogas, de guardar rancor, de odiar, de se orgulhar, de matar, de roubar, de querer o que é do outro, de arrumar confusão, de ser egoísta, de não abaixar a cabeça para ninguém, de viver como quer. Não é isso que a humanidade tem feito desde os tempos mais remotos? Não são essas as emoções que queremos? Por que trocaríamos a liberdade de sentir essas emoções pela emoção de acreditar em Deus? 

Mas se Deus existe, a partir do momento em que abrirmos o coração, o Espírito Santo de Deus passará a trabalhar em nós. Nossa mente se iluminará. A razão se tornará mais clara e a sensação de que Deus está próximo de nós aumentará mais e mais. Então, em dado momento nada mais importará. Tudo aquilo que você achava que era prazeroso não poderá se comparar ao prazer de ser amado por Deus. Mas só o Espírito Santo pode fazer uma transformação dessas. Ninguém se converte sozinho. 


Esse é o argumento do testemunho interno do Espírito. Esse é o argumento mais poderoso que existe no mundo. Porque uma vez que sua vida é regenerada por esse Espírito Santo, não há quem possa refutar sua convicção interna. Você sente. Você sabe bem. Ela é pessoal. Ela interna. Não serve para ninguém, mas serve para você. 


Considerações Finais 


Em sua primeira carta aos tessalonicenses, no capítulo 1, versículos 5 e 6, Paulo, o apóstolo que mais converteu pagãos ao cristianismo, escreveu: 

[...] porque o nosso evangelho não chegou a vocês somente em palavra, mas também em poder, no Espírito Santo, e em plena convicção. [...] De fato, vocês se tornaram nossos imitadores e do Senhor, pois, apesar de muito sofrimento, receberam a palavra com a alegria que vem do Espírito Santo.

Como podemos ver, o apóstolo Paulo sabia que apenas os seus argumentos não faria ninguém crer no evangelho. Era necessário que o Espírito Santo agisse, dando plena convicção aos ouvintes e gerando alegria em seus corações. O que intentei fazer nesta série seguiu esse molde: dar os argumentos, mas deixar bem claro, no fim, que o restante do trabalho é do Espírito Santo. Sem o seu trabalho, os argumentos não servem para nada.

Sei, amigo leitor, que você pode estar repleto de dúvidas sobre Deus. Mas quero que entenda uma coisa: Se Deus existe, Ele é o dono da razão. Então, com certeza não existe contradição entre a razão e Ele. Sugiro, portanto, que o leitor estude. Se há algum questionamento, se há alguma dúvida... Estude. Existe um mito que espalham por aí de que a fé é contrária a razão. Não é. Fé é lógica. Fé é crer em algo que você não vê, mas que sabe que é verdade porque faz sentido. Não foi isso que vimos em todas as nossas postagens? Então, guarde isso em seu coração. 

Termino com um alerta: meu trabalho não terminou. A não ser que Deus tire a minha vida amanhã (o que ele tem todo o direito, já que a vida é dele), continuarei com postagens e séries de postagens que mostrarão como que a fé está em harmonia com a razão (e a ciência). Já tenho algum material para fazer uma série sobre a veracidade da Bíblia e para fazer uma pequena série analisando diversas hipóteses que existem sobre quem teria sido Jesus (vou dissecar cada uma e mostrar porque estão erradas). Em suma, se o leitor gostou dessa série, continue de olho e... Divulgue o blog. Abraço forte.

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